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“Não há nenhum moçambicano” entre as vítimas da tragédia durante o Hajj na Arábia Saudita

Benin decreta luto nacional pela morte de peregrinos no Hajj

Nenhum dos 450 muçulmanos que partiram de Moçambique está entre as 717 vítimas mortais, ou entre os 805 feridos, do acidente que aconteceu na manhã desta quinta-feira(24) durante a celebração do Hajj, a peregrinação à cidade santa do Islão que todo o muçulmano deve fazer uma vez na vida. “Não há nenhum moçambicano”, tranquilizou Jorge Rahim, membro da comissão do Hajj em Maputo, em contacto telefónico com o @Verdade, que no entanto acrescentou um muçulmano que morra durante a peregrinação “é um mártir”.

Na tradição muçulmana o Hajj implica sacrifício, afirma o professor de Estudos Islâmicos Dr. Seyyed Hossein Nasr que numa palestra referiu que “antigamente os muçulmanos costumavam rezar para morrer durante o Hajj. Isto porque a pessoa que morre durante a peregrinação morre como mártir e o Paraíso está garantido para ela. É uma ocasião alegre e não triste, se um peregrino morrer a caminho de Makka”.

O balanço provisório da debandada de peregrinos e as operações de resgate ainda prosseguiam em Mina, a pouco mais de cinco quilómetros da Grande Mesquita, onde estavam reunidos na altura da tragédia cerca de dois milhões de peregrinos numa gigantesca “cidade” com 160 mil tendas.

Nas preparações para o haji deste ano, a queda de uma das gruas que participavam nas obras de ampliação da Grande Mesquita matou perto de 100 pessoas.

Em 2006, morreram mais de 350 pessoas desta maneira. O espezinhamento mais grave de que há memória aconteceu em 1990, ano em que mais de 1400 pessoas morreram à saída de um túnel no coração da cidade.

Nesta quinta-feira celebrou-se o Eid al-Adha, a cerimónia de encerramento dos cinco dias do haji. Neste dia, os muçulmanos deslocam-se a Jamarat, perto de Mina, para atirarem pedras a um pilar que simboliza Satanás. De acordo com a televisão estatal saudita, este ano houve mais de dois milhões de peregrinos a fazerem a viagem até Meca.

Segundo um responsável do Ministério da Saúde, a tragédia aconteceu quando uma maré humana que deixava uma das enormes rampas onde é feito o apedrejamento de Satanás se cruzou com uma segunda maré humana que circulava no sentido inverso. Com o pânico instalado e as tentativas de fuga da multidão, centenas de peregrinos acabaram por morrer espezinhados, sufocados e vítimas de quedas.

Entre os mortos, contam-se 90 iranianos o que levou o governo de Teerão a criticar fortemente as autoridades sauditas pela falta de condições de segurança em Meca.

Este novo acidente aconteceu apesar de terem sido realizados importantes trabalhos de reforço das infra-estruturas em Meca ao longo dos últimos anos pelas autoridades sauditas para facilitar o movimento dos peregrinos. Entre os esforços feitos para melhorar a segurança em Mina, foram multiplicados os pontos de entrada e saída em Jamarat, o local onde se realiza a cerimónia do apedrejamento de Satanás, para tornar mais fluída a circulação dos milhares de fiéis.

Entre os peregrinos que partiram de Moçambique encontra-se o ministro da Justiça e Assuntos Constitucionais e Religiosos, Abdurremane Lino de Almeida.

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