Moçambicanas e Moçambicanos! Em menos de um ano o Governo do excelentíssimo nosso empregado Filipe Jacinto Nyusi aumentou o preço do pão, agravou a tarifa de electricidade, reajustou a água potável e até aumentou o custo do dinheiro nos bancos comerciais. Os verdadeiros patrões em Moçambique, a Confederação das Associações Económicas (CTA), avisam que vão aumentar os preços dos produtos e serviços. Como sempre o povo moçambicano é que se “lixa”!
Na sequência do aumento, pela segunda vez este ano, das taxas de juros de referência do Banco de Moçambique(BM), supostamente para conter a inflação, e com depreciação do Metical a atingir níveis alarmantes – nesta quarta-feira(18) o preço de venda do dólar norte-americano no Banco Comercial e de Investimentos foi de 55,89 Meticais, e mesmo assim as divisão são escassas no mercado – os patrões alertam “o custo de fazer negócio está a aumentar, estamos claramente a dizer que os preços dos produtos vão subir”, afirmou Luís Sitoe director executivo da Confederação das Associações Económicas de Moçambique.
“Se a taxa da câmbio está a subir, sabe que é um custo, se o preço do dinheiro está a subir eu compro caro e vendo barato? Acho que é lógico que os preços vão subir. Se estamos a dizer que o custo de fazer negócio está a aumentar, estamos claramente a dizer que os preços dos produtos vão subir. Porque a empresa não vai produzir a um custo alto e vender a um custo barato”, esta é a lógica dos patrões segundo o director executivo da CTA.
Em conferência de imprensa realizada nesta quarta-feira(18) na capital do país a CTA pediu ao Governo que reveja a proposta de Orçamento de Estado para 2016, que já está no Parlamento, e inclua “medidas específicas e transitórias para apoiar o sector produtivo e minimizar os efeitos negativos da actual conjuntura” e deixa um pedido dissimulado ao Executivo, “avaliar a reorientação dos subsídios, focalizando-os na produção”. Parece que os patrões estão a pedir o fim dos subsídios ao combustível!
Patrões censuram Banco de Moçambique mas não o Governo
Sempre cúmplices dos Governos do partido Frelimo, do qual a maioria dos patrões são membros destacados, a Confederação das Associações Económicas considera “normal” o empréstimo de 286 milhões de dólares norte-americanos pedido pelo Estado moçambicano ao Fundo Monetário Internacional(FMI) porém censura as medidas do Banco Central. “(…)De alguma maneira censuramos estes aumentos que o Banco Central faz às taxas directoras, às taxas de Reservas Obrigatórias por causa do impacto que vai ter no custo do dinheiro para fazer investimentos” disse ainda o director executivo da CTA.
Convém recordar que estas medidas tomadas na segunda-feira(16) pela Comissão de Política Monetária do BM – aumentando em 50 pontos base a taxa de juro da Facilidade Permanente de Cedência (FPC), em 75 pontos base a taxa de juro da Facilidade Permanente de Depósitos e em 150 pontos base o coeficiente de reservas obrigatórias -, surgem de certa forma na sequência das recomendações do FMI, após a 5ª revisão do programa de apoio às políticas económicas do Executivo de Nyusi.
“Apesar de as perspectivas de médio prazo permanecerem positivas, os desafios a curto prazo tornaram-se mais complexos. Tal como outros países da região, Moçambique está actualmente a enfrentar um choque externo associado à queda nos preços das matérias-primas, menor crescimento dos parceiros comerciais, e os atrasos no investimento associado aos grandes projectos de recursos naturais. As políticas expansionistas excessivas em 2014 (especialmente no lado fiscal) também contribuíram para as dificuldades que o país enfrenta actualmente. As importações continuaram a crescer a um ritmo acelerado de 17 por cento em termos anuais, enquanto as exportações estagnaram. Os influxos de capital também diminuíram substancialmente em comparação com o ano anterior. Tal tem criado pressões no mercado cambial e causou um acentuado declínio nas reservas internacionais e a depreciação do metical”, diagnosticou o FMI a 29 de Outubro em comunicado.
A equipa de técnicos do Fundo Monetário Internacional, liderada por Michel Lazare, que esteve em Moçambique em Outubro recomendou “um forte pacote de políticas correctivas” que implicarão “uma maior consolidação orçamental em 2016 para continuar a preservar a sustentabilidade da dívida e contribuir para o necessário ajustamento externo. É também necessário uma política monetária mais restritiva e uma moderação substancial na expansão do crédito”, acrescentou o FMI no comunicado que estamos a citar.
Impacto negativo nos sectores mais endividados
Entretanto a Confederação das Associações Económicas avança algumas medidas que julga poderem ser-lhes benéficas, “considerar a possibilidade de rever os contratos de fornecimento de bens e serviços, com forte componente de importação pelo sector privado” e pede que sejam implementadas já, mesmo antes da aprovação do Orçamento de Estado para 2016.
A CTA pede ao Banco de Moçambique “que avalie a possibilidade de introduzir, como uma medida administrativa e transitória um sistema de câmbios administrativo na importação de factores de produção e bens essenciais”.
A Confederação das Associações Económicas de Moçambique, através do seu vice-presidente, Rogério Samo Gudo, recomendou aos seus associados “prudência nas suas decisões para o exercício económico de 2016” que poderão passar pela redução dos investimentos e estimam perdas nos sector que consideram os “mais endividados”: redução de 11,46% no sector industrial, redução de 7,66% na construção e obras públicas e também quebras de 6,65% no sector de transportes e comunicações.
“Mesmo nas linhas especiais de crédito à agricultura, o custo do dinheiro irá aumentar, dado que a taxa de juro dos empréstimos têm como base a facilidade permanente de cedência que (o Banco de Moçambique) aumentou de 7,25% para 8,75%.”, acrescentam os representantes dos patrões moçambicanos não quiseram falar em despedimentos ou em aumentos nas tarifas dos transportes semi-colectivos de passageiros, vulgo “chapa 100”.
Contudo Luís Sitoe foi avisando, “nós tínhamos uma taxa de crescimento de 7,5, o que foi dito é que nós crescemos até ao terceiro trimestre a 5,9%, portanto não é uma contração significativa. Mas se a tendência for de contração, geralmente quando há contração no PIB significa que as empresas tem que rever as suas escalas de produção, e se revêm a sua escala de produção significa que há máquinas que ficam sem produzir, naturalmente que haverá Homens que vão ficar sem produzir e a empresa não fica a pagar salários quando as pessoas não estão a produzir”.
Portanto além de não se verem no horizonte aumentos nos rendimentos do povo moçambicano este poderá não só perder ainda mais o pouco poder de compra que tem como também perder o precário emprego onde trabalha.
Visto que pelo “bom caminho”, que o anterior Chefe de Estado dizia estarmos, não chegamos nem a prosperidade e muito menos ao bem-estar urge saber se o Presidente Filipe Nyusi tem alguma boa surpresa guardada para o natal dos moçambicanos.