O Presidente moçambicano, Armando Guebuza, disse que promover a corrupção, no Estado ou no sector privado, é o mesmo que “beber ou mesmo sugar” o sangue de um irmão. Falando esta segunda-feira, num grandioso comício popular que orientou na vila municipal de Manica, Guebuza disse ainda que os promotores da corrupção perdem muito tempo a invejar o pouco daqueles que transpiram, noite e dia, para ganhar a vida.
Muito ovacionado pela população, o estadista realçou que “praticar a corrupção é ainda o mesmo que colocar troncos numa via pública”. Ele explicou que uma estrada repleta de troncos não deixa ninguém passar. “Promover a corrupção é o mesmo que beber sangue de um irmão ou mesmo colocar troncos numa via”, sublinhou Guebuza.
A clareza com que o Presidente abordou problemática da corrupção fez com que a população pedisse que continuasse a falar deste mal, justificando que “assim entenderemos melhor os contornos da mesma”. O Presidente pediu a vigilância de todos na longa jornada de combate à pobreza, e recordou que o espírito do “venha amanhã, ou tens que bater a mesa” ainda persiste, a avaliar pelas contribuições que vem sendo dadas pelas populações, por onde ele tem passado em governação aberta e inclusiva. “Temos que nos libertar destes obstáculos”, disse o Presidente.
Quanto a falta de satisfação ao público, por parte das instituições, incluindo públicas, Guebuza voltou a carga afirmando, por exemplo, que os que não pagam salários aos seus trabalhadores devem dar uma satisfação plausível e não simplesmente ficarem em silêncio. Guebuza assim falou reagindo a queixas levantadas pelos trabalhadores de uma empresa mineira de Manica, denominada “Agrupamento Mineiro de Manica” que já esta a dez meses sem pagar salários. Tomando em linha de conta as palavras de Isak Porteiro, trabalhador que apresentou a preocupação em nome dos colegas, em número não revelado, tudo indica que os proprietários não tem dado nenhuma satisfação, limitando se a dizer que “ainda se está na fase de prospecção”.
O FACTO DE A HIDROELETRICA DE CAHORA BASSA SER NOSSA NÃO PODE SIGNIFICAR “NÃO PAGAR A ENERGIA”
Respondendo a uma preocupação de cidadãos sobre as facturas elevadas de energia distribuída pela Electricidade de Moçambique (EDM), enquanto que a energia é produzida localmente, Guebuza disse que esta forma de pensar esta errada. Ele exemplificou que a maioria dos camponeses moçambicanos produzem milho, mas também é vendido. “Os que produzem devem ser pagos pelo trabalho”.
Fora disso, Guebuza indicou que Moçambique teve de pagar 700 milhões de dólares para poder reverter a HCB a seu favor, dinheiro emprestado pela banca e que deve ser restituído. “A HCB é nossa mas é um investimento muito caro”, disse Guebuza, acrescentando que a grande vantagem é que agora “nós fazemos a nossa política com a energia, o que dantes não acontecia”. É por isso que, segundo o Presidente, desde que a HCB está nas mãos de Moçambique muitos distritos já beneficiam de corrente eléctrica.
Para além desta questão, Guebuza disse que a própria ligação dos distritos custa dinheiro. “A HCB é nossa sim, mas não é de borla”, vincou. No distrito de Manica, Guebuza vai orientar um comício popular e a Sessão Extraordinária do Governo distrital alargada aos membros do Conselho Consultivo. Terça-feira, Guebuza vai escalar o Posto Administrativo de Vanduzi, antes de se deslocar a capital provincial, Chimoio, onde vai inaugurar infra-estruturas económicas e visitar outras de carácter social, para além de orientar um comício popular.
Quarta-feira, Guebuza desloca-se ao distrito de Mossurize, onde permanecera ate Quinta-feira, dia em que inicia a sua derradeira Presidência Aberta e Inclusiva a província de Inhambane, ultima do presente Quinquénio.