Vladimir Putin arriscou-se a prejudicar a economia da Rússia ao demitir o seu ministro das Finanças, disse um proeminente economista e líder empresarial na quarta-feira, mais um aviso sobre a iminência de uma crise desde que Putin confirmou que iria reivindicar a Presidência.
Anatoly Chubais, o arquiteto de reformas econômicas liberais nos anos 1990 e o chefe de gabinete do Kremlin sob o governo de Boris Yeltsin, disse que o primeiro-ministro não tinha mais profissionais de primeira administrando a economia em um momento de perigosa turbulência mundial.
Outros economistas e empresários também expressaram preocupação com a incerteza política e econômica provocadas pela saída de Alexei Kudrin do cargo de ministro das Finanças na segunda-feira, e com os desacordos no alto nível do governo que isso expôs sobre o plano de Putin de trocar de lugar com o presidente Dmitry Medvedev nas próximas eleições.
Apesar de a dissidência pública ser irregular, algumas pessoas chegaram a dizer que a volta de Putin, que sucedeu Yeltsin no posto de presidente em 2000, pode provocar a estagnação do país, o que levaria a conflitos mais profundos. Chubais, que hoje dirige o grupo estatal de alta tecnologia Rusnano, escreveu em um blog que a saída de Kudrin pode ter consequências dramáticas: “Esse evento, sejam quais forem seus motivos, cria graves riscos para o país”. “Não há mais nenhum profissional de alta capacidade que possa trabalhar na atual configuração política. Isso é principalmente perigoso contra o pano de fundo de uma segunda onda de crise econômica mundial. Em tais circunstâncias desfavoráveis, as consequências de sua renúncia podem ser dramáticas.”
O anúncio feito por Putin no sábado de que iria reivindicar a Presidência na eleição de março, enquanto Medvedev o substitui como primeiro-ministro, foi feito para terminar com a incerteza sobre quem iria governar o maior país do mundo pelos próximos seis anos. As pesquisas mostram que Putin, de 58 anos, está seguro de que vai voltar ao cargo que manteve por oito anos até 2008. Mas ele involuntariamente provocou novas incertezas ao causar uma revolta de Kudrin, visto pelos investidores como a âncora da estabilidade financeira.
Kudrin disse que não serviria sob um governo Medvedev e foi obrigado a demitir-se depois de atacar as políticas econômicas do presidente numa briga incomumente amarga e pública. O seu substituto interino, Anton Siluanov, disse na terça-feira que iria implementar os aumentos nos gastos criticados por Kudrin, mas acrescentou que mais gastos iriam ameaçar a estabilidade econômica: “Despesas adicionais podem criar riscos,” disse. “Não devemos aumentar as despesas sem encontrar fontes de receita correspondentes.”