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PuraMente

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Nassim Taleb está agora muito em voga, sobretudo depois do best seller “O Cisne Negro” e de algumas das suas preocupações se materializarem durante a crise financeira. Taleb é um matemático e trader de opções, mas o livro não é sobre “mercados”. Fala-se de evolução, saúde, ciência, cinema, literatura, filosofia e muito mais.

A ideia central do autor é que se subestima o papel da aleatoriedade ou do acaso. Existe uma predisposição biológica para estabelecer uma relação de causa-efeito, mesmo quando não existe. As superstições são um bom exemplo desta situação. O maior problema é que essa ilusão tem consequências nos processos de decisão, avaliação de riscos e até na percepção do sucesso. “Ninguém aceita a aleatoriedade no seu sucesso, só nos seus fracassos”.

Apesar da sua preparação técnica, Taleb é muito céptico quanto aos processos de inferência estatística, considerando muito imprudente generalizar ou prever o futuro tendo como base as observações passadas. A indução até pode servir para escolher as “apostas” a fazer, mas é inútil para gerir riscos (e evitar os “cisnes negros”). Uma das “ideias-chave” é que “os eventos raros são muito subavaliados”.

O livro tem duas partes. Primeiro fala-se de como as pessoas não se apercebem da aleatoriedade e tendem a ser enganadas por ela. Na segunda parte são dados exemplos de enviesamento causados por essa ilusão. O livro é divertido e deve ler-se todo. Taleb escreve bem, apesar de não conseguir disfarçar o seu enorme ego.

O autor assume-se como um céptico, na linha de Karl Popper, negando a existência de teorias definitivamente verdadeiras. Defende o darwinismo económico, salientando uma subtileza – o darwininsmo não assenta na sobrevivência, mas na reprodução. Ora estando esta última exposta a alguma aleatoriedade, o processo evolutivo perde linearidade.

O final deste “Fooled by Randomness” deixa-nos um conselho: “O acaso só não consegue controlar o nosso comportamento. Boa sorte!”.
Este é um dos melhores livros que já li. É intemporal e o seu impacto na forma como nos relacionamos connosco e com o mundo é duradouro.

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