A polícia deteve mais de 400 pessoas em várias cidades dos Estados Unidos que protestavam contra a decisão de um tribunal do Missouri de não indiciar um policial branco pela morte de um adolescente negro desarmado, disseram as autoridades, esta quarta-feira (26), mas a cidade onde a tragédia aconteceu estava um pouco mais calma.
As manifestações em Boston, Nova York, Dallas, Los Angeles, Atlanta e outras localidades coincidiram com uma segunda noite de violência nas ruas de Ferguson, subúrbio de St. Louis, no Missouri, onde o policial Darren Wilson matou a tiros Michael Brown, de 18 anos, a 9 de Agosto.
O incidente enfatizou a natureza, muitas vezes tensa, das relações raciais no país e o estranhamento entre as comunidades negras e a polícia. Episódios de violência haviam diminuído em Ferguson, uma vez que a mobilização de cerca de dois mil membros da Guarda Nacional na área ajudou a polícia a evitar saques, tumultos e incêndios que irromperam na noite da segunda-feira.
A polícia efectuou 45 prisões em Ferguson entre a noite da terça-feira e a manhã desta quarta-feira por delitos que foram de algumas dezenas de contravenções por reunião ilegal a cinco por ataques a agentes de segurança. Trinta das pessoas detidas deram endereços no Missouri e uma era de Berlim, na Alemanha, relatou a polícia.
Noutras cidades, os manifestantes caminharam pelas ruas, às vezes bloqueando o tráfego e entrando em conflito com policiais. A polícia de Boston disse que 45 pessoas foram presas em protestos de terça para quarta-feira que atraíram mais de mil participantes. Wilson afirmou ter agido em legítima defesa e que está com a consciência tranquila.
Ele declarou ao noticiário de televisão ABC News que não havia nada que pudesse ter feito de diferente para evitar a morte de Brown, mas os pais do adolescente assassinado disseram não aceitar a versão dos factos do policial. “Não acredito numa só palavra”, afirmou a mãe de Brown, Lesley McSpadden, ao programa “CBS This Morning” nesta quarta-feira.
A multidão de Ferguson foi menor e mais contida do que na segunda-feira, quando cerca de uma dezena de estabelecimentos comerciais foram incendiados e outros foram saqueados em meio ao lançamento de pedras e aos tiros esporádicos dos manifestantes e dos disparos de gás lacrimogêneo da polícia. Mais de 60 pessoas foram presas na ocasião.
Em Nova York, onde a polícia usou gás de piri-piri para controlar a multidão depois de os manifestantes terem tentado fechar o túnel Lincoln e a ponte Triborough, 10 manifestantes foram detidos, informou a polícia.
Os activistas em Los Angeles lançaram garrafas de água e outros objectos no escritórios fora da sede da polícia e mais tarde obstruíram os dois lados de uma avenida do centro da cidade com obstáculos improvisados e destroços, segundo as autoridades.
A polícia de Atlanta prendeu 24 pessoas na noite da terça-feira, incluindo algumas de um grupo de cerca de 150 pessoas que se separaram de uma manifestação pacífica de mais de mil pessoas e interromperam o tráfego numa avenida do centro, afirmou o edil, Kasim Reed, esta quarta-feira.