Sessenta e seis trabalhadores do “Grupo África Comercial, Lda”, na província de Nampula, Norte de Moçambique, foram abandonados à sua sorte pelo patronato em consequência da da sua falência. Há vinte meses que não tinham salários.
O proprietário, que responde pelo nome de Ibraimo Ismael, refugiou-se na cidade de Maputo junto com a família. Suspeita-se que tenha transferido parte do seu capital financeiro para investir noutros negócios na capital do país.
Para além da dívida em causa, a massa laboral reivindica igualmente a falta de canalização ao Instituto Nacional de Segurança Social do dinheiro que era descontado para o efeito durante três anos, horas extraordinárias, dentre outros direitos.
O “Grupo África Comercial, Lda” é também proprietário de um supermercado que era considerado uma referência ao nível da região norte do país. Porém, actualmente está encerrado. Sabe-se que foi um dos primeiros estabelecimentos comerciais de género a ser instalado na cidade de Nampula e que assegurava o fornecimento de produtos básicos às populações, sobretudo à classe com maior posse financeira.
Além disso, dispunha de uma gama de serviços comerciais em vários pontos da região norte do país, diga-se, que sustentavam famílias mercê dos postos de emprego criados.
Informações em poder do @Verdade indicam que, presentemente, aquele grupo comercial tem apenas dois postos em funcionamento, dos quais um armazém com frigoríficos e fornece produtos pesqueiros, com destaque para o carapau importado de Angola. Emprega não menos de 10 trabalhadores.
Inácio Amimo e Elizabethe Muhapusse, ambos membros do Comité Sindical do “Grupo África Comercial” em Nampula, e que encabeçam a comissão de reivindicação, disseram que tentaram, inúmeras vezes, encontrar soluções junto de alguns membros sócios que ainda se encontram nesta parcela do país, mas foi em vão. Até à Direcção Provincial do Trabalho chegaram mas não obtiveram nada satisfatório.
“Queremos que eles nos indemnizem para que cada um vá procurar outro emprego. Somos obrigados a chegar ao posto de trabalho mesmo sem algo a fazer. Mas soubemos que eles pretendem a todo custo correr com as pessoas sob alegação de abandono do posto de trabalho. É para não nos indemnizarem. Temos recorrido a outros trabalhos externos para alimentar as nossa família”, disseram as nossas fontes.
Por outro lado, os nossos interlocutores referiram ainda que dos encontros realizados com os sócios a resposta tem sido de forma arrogante: “não há indemnização. Quem não aguenta abandona. Estamos à procura de dinheiro para pagar os vossos salários e reactivar as nossas unidades”.
Entretanto, as nossas fontes disseram também que de 2004 até Dezembro de 2012, houve pelo menos cerca de 20 actas de inspecção do Trabalho. Foram detectadas várias irregularidades e passadas as respectivas multas. Porém, a sociedade nunca ainda não resolveu uma coisa sequer.
Tentativas de ouvir a direcção do “grupo” redundaram em fracasso. Fomos informados que só o proprietário Ibraimo Ismael, ora em Maputo, é que pode falar à Imprensa sobre o caso.
O @Verdade contactou o director provincial do Trabalho, Benjamim Lombaiomba, que reconheceu a legitimidade dos problemas apresentado pelos trabalhadores da “África Comercial” em Nampula. Disse tratar-se de um assunto já com “barba branca”.
“Nós já enviamos todo o expediente para o Tribunal Provincial e estamos à espera da tramitação processual, daí que já está fora da nossa responsabilidade”, sublinhou a fonte.
Por outro lado, soubemos que os trabalhadores do “Grupo África Comercial”, cansados de esperar, contactaram a ministra do Trabalho, Helena Taipo, que teria prometido intervir no caso.
Neste contexto, o @Verdade contactou, telefonicamente, a ministra. Esta afirmou que está a trabalhar com os órgãos judiciais e com o proprietário da empresa em causa com vista a encontrar uma solução para a massa laboral.
“Mesmo o Tribunal está em cima de nós, mas estamos a ultimar algumas situações também relacionadas com este caso. Esperamos que em breve tenhamos o desfecho”, disse Helena Taipo.
Refira-se o “Grupo África Comercial” entrou em crise financeira há cerca de cinco anos, quando os seus clientes denunciaram a venda de produtos fora do prazo.