Uma criança de sete anos de idade, cujo nome omitimos a pedido do pai, foi, há dias, algemada nas grades da I School, uma escola do ensino primário afiliada do Lápis Mágico, sita na Avenida Filipe Samuel Magaia, em Maputo, pelo seu professor, identificado pelo nome de Abdula Sidat, supostamente por ter feito travessuras com os colegas. Segundo apurámos, o malfeitor, que faz parte dos gestores daquele estabelecimento de ensino, foi expulso e, neste momento, encontra-se em Portugal sem que tenha sido criminalmente responsabilizado pelos seus actos que atentam contra os Direitos Humanos e da Criança.
As condições de tortura psicológica e física a que o miúdo foi sujeito geraram indignação de muitos pais e encarregados de educação, a partir do momento em que tomaram conhecimento, através do nosso Facebook, de que na I School havia um docente que confundia a missão de uma escola com a dos campos de opressão.
O @Verdade soube que o pedagogo “ia, sempre, para a sala de aulas com algemas e navalhas” e recorria a esses instrumentos para amedrontar os seus instruendos e obrigá-los a permanecerem quietos no decurso das lições, apesar de se saber que a traquinice é própria das crianças, até porque a idade lhes permite agir nesse sentido.
Afirma-se ainda que forçava os meninos a quedarem-se num silêncio absoluto. Contudo, ninguém sabe ao certo quanto tempo o aluno ficou algemado e na posição em que se encontra na imagem que acompanha este texto. Facto é que, para além de ter sido humilhado diante de outros petizes da sua idade, pode passar a ter medo de frequentar as aulas.
De acordo com os depoimentos dos nossos interlocutores, não era a primeira vez que Abdula Sidat cometia uma atrocidade similar à que aconteceu com o menino a que nos referimos. Ele assustava os petizes e apresentava-se nas suas aulas como um monstro.
Aliás, próximo do pulso da mão (direita) aprisionada do petiz vê-se uma segunda algema, o que dá a ideia de que naquele estabelecimento de ensino havia muitos instrumentos de ferro para prender pessoas inocentes ou que, por mais que tenham cometido algum crime, não podem ser responsabilizadas por um facto punível, por não terem as faculdades mentais e a liberdade necessárias para avaliar os actos que praticam. No fecho da presente edição, recebemos informações segundo as quais Sidat possui três algemas.
A I School apresenta-se completamente cercada e nenhum transeunte consegue perceber o que se passa no seu interior. Por isso, a ser verdade que o docente maltratava constantemente os seus instruendos, dificilmente se pode quantificar o número de crianças que já foram algemadas e submetidas a outros tipos de castigos susceptíveis de interferir negativamente no seu processo de aprendizagem.
Um estabelecimento de ensino é uma instituição que, à partida, deverá assegurar a socialização e as competências aos educandos, porém, “há quem tenta fazer com que os nossos filhos tenham medo de estudar”, disse um encarregado de educação que reside nas imediações da Escola Internacional e que foi abordado pela nossa Reportagem a propósito do pedagogo que levava algemas para a escola como se esta fosse uma unidade prisional.
Entretanto, o progenitor da criança ficou a par de que o seu filho não estava na sala de aulas, como era de se esperar, mas sim subjugado no pátio da escola como se fosse um malfeitor. Apurámos, igualmente que, enquanto algumas crianças se mostravam retraídas por causa dessa situação, outras, irrequietas, zombavam do colega. “Perdoei a escola porque a minha relação com ela não é recente, mas continuo triste por causa do que fizeram ao meu filho”, assegurou-nos o progenitor.
Por sua vez, a I School endereçou uma carta de pedido de desculpas à família do petiz. Na missiva, o estabelecimento evita falar dos maus-tratos a que o aluno em apreço foi submetido, destacando que se tratou de um equívoco e que foram tomadas medidas para que problemas idênticos não se repitam.