Três primeiras damas de igual número de países africanos, incluindo a moçambicana Maria da Luz Guebuza, quebraram as fronteiras que separam os seus países para convencerem os que detêm o poder político e financeiro nos Estados Unidos da América (EUA) a canalizarem mais recursos para as actividades sociais que elas desenvolvem nos seus respectivos países.
À primeira dama moçambicana se juntam Betty Odinga, do Quénia, e Sia Koroma Nyama, da Serra Leoa, convidadas especialmente para tomar parte na Conferencia de dois dias da CARE e que quarta-feira terminou formalmente na capital política norte-americana, Washington.
Durante a Cimeira da CARE, organização humanitária que lidera a luta contra a pobreza global, elas se associaram a mais de 800 pessoas, na sua maioria membros da sociedade civil deste país da América do Norte, para multiplicarem o “não a pobreza no mundo”. Para além de terem sido destaque num painel em que cada uma delas apresentou argumentos para a necessidade de mais apoios, depois de espelharem a realidade em cada um dos seus países, elas reuniram, juntas ou separadamente, com membros do Senado e da Câmara de Representantes, com o mesmo objectivo.
Apesar de, no painel, terem apresentado temas diferentes, as três primeiras damas estiveram claramente a falar a mesma língua: A necessidade de se aumentar a ajuda técnica e financeira para que milhares de pessoas, principalmente mulheres e crianças, saíam da condição da pobreza extrema em que vivem. Enquanto Maria da Luz Guebuza falava da situação dos casamentos prematuros e a necessidade de se apostar na educação da rapariga, a serra leonesa esgrimia os seus argumentos na necessidade de se encorajar a mulher a dar parto em maternidades, através da construção de mais maternidades ou casas de parto.
‘A Primeira-dama do Quénia coube a tarefa de dissertar sobre a importância de se garantir uma boa nutrição em mulheres e crianças. Sobre o seu tema, a Primeira-dama moçambicana falou da decisão tomada pelo país de estabelecer lares para raparigas junto de escolas, por estas infra-estruturas se encontrarem longe das residências de grande parte da população.
Ela recebeu aplausos quando explicou que devido ao grande afastamento das escolas das residências, as raparigas são desencorajadas pelos pais a irem a escola por estes temerem que as filhas, durante o percurso, encontrem alguém que lhes comova a casarem prematuramente. Maria da Luz Guebuza disse que a criação de lares para raparigas já é uma realidade no país mas, frisou, ainda há milhares de outras que não podem se beneficiar desta medida porque tais lares são em número reduzido, devido a falta de recursos.
Ela indicou que em tais lares, elas não beneficiam apenas da educação formal mas também da vocacional, para que elas desenvolvam habilidades para encararem o mundo do trabalho com relativa segurança. Para Guebuza, garantir educação a rapariga é também fazer com que ela entenda as mensagens que são difundidas para, por exemplo, se prevenir do HIV, aderir ao planeamento familiar, desenvolver projectos de rendimentos, entre outras que, actualmente, são dificilmente assimiladas por, em parte, faltar instrução escolar básica. “Uma rapariga formada está em condições de entender facilmente as mensagens sobre HIV/Sida, cólera, malária, entre outros males. Esta é que é a nossa batalha: Formar a Rapariga”, declarou a Primeira-dama.
Ela acrescentou que a construção de lares não é a única saída para este problema que também pode ser resolvido levando a escola para mais perto das comunidades. Já no Gabinete da Presidente do Congresso norte-americano, Nancy Pelosi, por exemplo, Maria da Luz Guebuza falou ainda da necessidade de se aliar o tratamento antiretroviral com a suplementação alimentar. “Hoje temos um número significativo de pessoas em tratamento mas queremos que mais gente seja abrangida.
Mesmo assim, enfrentamos um outro problema que é o abandono do tratamento por causa da falta de alimentos”, disse Guebuza, adiantando que no país já há algumas iniciativas viradas a produzir comida para os doentes de Sida, mas que precisam de algum impulso.
A Primeira-dama não deixou, sempre que tivesse oportunidade, de abordar outros males que só encontram terreno fértil devido ao factor pobreza, como é o caso da mortalidade infantil. Ainda no âmbito desta conferência, Maria da Luz Guebuza reuniu-se com o Senador James Risch e o congressista Donald Payne, este ultimo também membro do Comité de Relações Externas e Presidente do sub – Comité para a África e da Saúde Global.