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Primeira geração de crianças com HIV/SIIDA chega à adolescência

Luiz veste uma camisete laranja e uma corrente de cor prata que tem como detalhe uma letra que não é a inicial do seu nome. Tímido, só à primeira vista, este adolescente de 13 anos se mostra muito atento aos detalhes e quando sua mãe diz a idade dela, no caso 30, ele a corrige : “É 33. Estás a mentir a idade, mãe?”

Celeste, 16 anos, usa um brinco cor de bronze em apenas uma orelha. Preocupada em sempre responder correctamente o que é questionada, ela chega a engasgar-se com a falta de ar. Tudo isso por conta da grande ansiedade. O primeiro mora com a mãe e com os tios na Aveninda Joaquim Chissano, em Maputo, e a segunda com os pais e um irmão no Bairro da Liberdade, na Matola. Ele está na oitava e ela na décima classe. Apesar das várias diferenças, Luiz e Celeste que nem se conhecem têm algo em comum: querem ser médicos pediatra a ter três filhos.

Luiz queria ser engenheiro e Celeste jornalista. Ela até já se arriscou na profissão, quando trabalhou como produtora de um programa da Rádio Moçambique sobre saúde sexual e reprodutiva, o Mundo Sem Segredos Porém, ambos mudaram de ideia e agora só querem saber da possibilidade de ajudar outras crianças. O que eles não sabem, talvez, é que a influência que tiveram para pensar em ser médicos é a mesma. Assim como as aulas de vôlei para o Luiz e as de canto coral para a Celeste, as consultas de pediatria no Hospital Central de Maputo passaram a fazer, nos últimos anos, parte da programação quaotidiana deles. Luiz está em tratamento antiretroviral (TARV) há cerca de dois anos e meio e celeste há três .

“Quase nunca me lembro que tenho o HIV. É mais quando venho aqui para o hospital”, disse Celeste, que segundo previsões médicas apanhou o HIV em alguma transfusão sanguínea quando pequena, já que a mãe não tem o vírus e ela ainda não iniciou a vida sexual. Para Luiz que provavelmente se infectou através da transmissão vertical, a Sida parece estar mais presente nos seus pensamentos. “Recentemente houve uma feira de educação que a minha classe da escola foi e eu queria muito ir, mas não pude ir porque tinha consulta médica. Mas fiquei feliz porque lá meus amigos fizeram o teste de HIV e se eu tivesse lá não iria saber o que fazer ” , contou. Segundo estimativas do Impacto Demográfico do HIV/SIDA, quase 150 mil crianças com até 14 anos são seroposi t i vas em Moçambique.

Destas, 47 mil precisariam de TARV imediatamente, mas aproximadamente 10 mil estão a receber. Luiz e Celeste não desperdiçam a oportunidade que têm de fazer esse tratamento. Ele toma os antiretrovirais duas vezes por dia e ela, que durante uma época descuidou-se um pouco e fez o tratamento de forma irregular, agora tem que tomar três vezes ao dia. Mesmo na frente dos amigos e de alguns parentes que não sabem dos seus estados serológicos, os adolescentes encontram meios para não falhar o tratamento. “Eu vou ao meu quarto e tomo o remédio. Se meu quarto estiver de porta fechada ninguém entra”, disse Luiz.

Celeste, quando necessário, toma na frente das amigas mesmo. “Digo que é um remédio qualquer para dor de garganta. Nunca ninguém desconfiou.” Os exemplos de Celeste e Luiz confirmam que seguindo o tratamento e cuidando da saúde, muitas pessoas poderão ter seus sonhos realizados não importando há quantos anos vivem com o HIV. Com tal dedicação, ninguém poderá duvidar de que esses jovens se tornarão óptimos médicos. Redacção da Agência de Notícias de Resposta ao SIDA

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