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Presidente sul-africano diz que os media não deveriam ter publicado agressão do moçambicano

Presidente sul-africano diz que os media não deveriam ter publicado agressão do moçambicano

Enquanto o Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, voltou a manifestar o seu repúdio “aos actos de xenofobia” e pediu “ao Governo sul-africano para uma intervenção presencial e imediata” o seu homólogo, Jacob Zuma, afirmou que as fotos da agressão e esfaqueamento do cidadão moçambicano Emanuel Sithole, que acabou por morrer no sábado (18), por cidadãos sul-africanos não deveriam ter sido divulgadas pelos media pois fez a África do Sul “ficar mal” perante a opinião pública.

Zuma, segundo a Imprensa sul-africana, terá acusado nesta segunda-feira (20) o jornal Sunday Times de falta de patriotismo por haver publicado as fotos da bárbara agressão, e o relato do fotógrafo. O Presidente sul-africano disse que a morte do cidadão moçambicano foi um caso criminal e sem ligações com a onda de xenofobia.

Entretanto, três cidadãos, suspeitos do assassínio de Emanuel Sithole, foram detidos na noite de domingo (19) no bairro de Alexandra, com a ajuda da comunidade local segundo as autoridades policias, que oferecem uma recompensa de 100 mil rands por informações que levem à captura dos assassinos do moçambicano. Segundo a Polícia, a caça ao quarto agressor continua.

O moçambicano, de 35 anos de idade, foi agredido e esfaqueado por quatro cidadãos, ao que tudo indica sul-africanos, na manhã do sábado (18), numa via pública do bairro de Alexandra, subúrbio da cidade de Johannesburg.

Segundo a Polícia sul-africana, Emanuel era um vendedor ambulante de cigarros e, citando testemunhas, as agressões poderão ter resultado do facto de o moçambicano haver confrontado os seus agressores que terão levado cigarros sem pagar.

Também nesta segunda-feira, o rei zulu, Goodwill Zwelithini, acusado de ser um dos instigadores dos ataques xenófobos na província do KwaZulu-Natal ao afirmar que os estrangeiros deveriam “ir para casa”, afirmou que a “violência directa contra os nossos irmãos e irmãs é vergonhosa”.

O rei, que falava durante uma reunião tribal na cidade de Durban perante cerca de três mil zulus, disse que havia sido mal interpretado. “As minhas palavras (…) foram dirigidas contra a Polícia, pedindo a aplicação da lei de forma mais rigorosa, mas estas nunca foram referidas”.

“O público foi instigado para um outro lado do meu discurso, que havia sido distorcido e deturpado” acrescentou Zwelithini.

Apesar dos apelos e condenações nos bairros suburbanos, das grandes cidades sul-africanas a situação é “terrível” de acordo com o embaixador de Moçambique na África do Sul, Fernando Fazenda, que afirmou à Rádio Moçambique que “uma coisa são as condenações que são feitas, é tudo muito bom, mas outra coisa é a realidade no terreno. Enquanto se condena as coisas acontecem”.

Oficialmente sete estrangeiros foram mortos em consequência dos ataques xenófobos, sendo três deles moçambicanos. Há milhares de estrangeiros com poucas posses desalojados, entre eles centenas de moçambicanos, que estão refugiados em campos criados pelo Governo da África do Sul.

Alguns estrangeiros começaram a ser repatriados para os seus países na semana passada. Pouco mais de uma centena regressou a Moçambique e aguarda-se para esta semana a chegada de outros.

O Presidente Filipe Nyusi, falando em Maputo na tomada de posse de dois vice-reitores de universidades, apelou aos moçambicanos a não retaliarem aos ataques xenófobos. “Renovamos a nossa solidariedade às famílias, ao mesmo tempo que apelamos à não retaliação, uma nobre característica dos moçambicanos”.

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