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Presidente russo tenta apaziguar manifestantes

O presidente russo, Dmitry Medvedev, pediu, esta Quinta-feira, uma reforma abrangente do sistema político da Rússia, numa tentativa de apaziguar os manifestantes que promoveram os maiores protestos no país desde que Vladimir Putin, actual primeiro-ministro, ascendeu ao poder, 12 anos atrás.

No pronunciamento a ambas as Casas do Parlamento sobre o estado da nação, Medvedev disse querer restabelecer as eleições para governadores, actualmente, indicados pelo governo central, que procura manter um forte controle sobre as regiões do país.

Preparando-se para novos protestos na Rússia no Sábado, os opositores do presidente repudiaram a proposta. Segundo eles, são promessas vazias de um presidente que está prestes a deixar o cargo para que Putin volte ao principal posto do poder no ano que vem, após permanecer quatro anos como premiê.

“Hoje, em apoio à iniciativa de nosso primeiro-ministro Vladimir Vladimirovich Putin, proponho uma reforma abrangente do nosso sistema político”, disse Medvedev.

“Quero dizer que ouvi aqueles que falam sobre a necessidade de mudança e os compreendo. Nós precisamos de dar a todos os cidadãos activos a oportunidade legal de participar da vida política”, acrescentou.

A iniciativa é uma tentativa de conter a pressão por mudança por parte de dezenas de milhares de manifestantes que vêm saindo às ruas desde a eleição de 4 de dezembro, que eles dizem ter sido fraudada, mas Medvedev ignorou a principal exigência deles: a realização de novas eleições.

Um assessor do Kremlin disse que as propostas serão enviadas ao Parlamento nos próximos dias. O projeto ressalta que os líderes da Rússia agora percebem que os ânimos mudaram no país e que algo tem de ser feito para satisfazer os manifestantes.

A oposição, entretanto, rejeitou as iniciativas, dizendo que elas são palavras vazias de um homem que não cumpriu suas promessas depois que foi levado à Presidência por Putin em 2008, quando a Constituição proibia Putin de buscar um terceiro mandato consecutivo.

“É uma resposta aos protestos, mas não é o bastante. É frouxo”, disse Vladimir Ryzhkov, que participou num grande comício na Praça Bolotnaya, de Moscou, em 10 de dezembro e está a ajudar a programar outro comício no sábado na Avenida Sakharov, na capital.

“A principal demanda na Bolotnaya era anular os resultados das eleições e convocar novas eleições a serem conduzidas de acordo com novas regras. Em vez disso, ele está tentando preservar a Duma (Assembleia) ilegítima. Isso não será aceito pela sociedade e não será aceito por aqueles que estiverem na Avenida Sakharov.

“Novo chefe de gabinete no Kremlin”

Pouco depois do discurso de Medvedev, o Kremlin anunciou a indicação do vice-primeiro-ministro Sergei Ivanov como chefe da equipe presidencial, entregando um dos cargos mais poderosos da Rússia a um aliado de longa data de Putin.

A decisão pode sinalizar que Putin não vê mais nenhum lugar na sua equipe para o chefe de gabinete interino do Kremlin, Vladislav Surkov, com frequência considerado a eminência parda da política russa. É improvável, porém, que isso indique uma grande mudança no modo de pensar de Putin.

“A equipe de Putin não permitirá nenhuma reforma, porque agora eles querem que ele alcance os 60 por cento (na eleição presidencial de Março), o que é impossível usando mecanismos justos”, disse o líder do Partido Comunista, Gennady Zyuganov.

Putin afirmou, semana passada, que estava pronto para considerar a possibilidade de permitir as eleições dos governadores regionais, desde que a candidatura fosse aprovada pelo Kremlin. O ex-espião da KGB aboliu as eleições directas para governadores em 2004 a fim de apertar o controle sobre as regiões da Rússia.

No discurso, Medvedev defendeu a simplificação do processo de registro de partidos, para permitir a formação de novas legendas, e propôs a criação de uma TV pública que seja independente do Estado, entre outras medidas.

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