Não admitindo que a pandemia da covid-19 está em transmissão comunitária em Moçambique o Presidente da República decidiu “prorrogar pela segunda vez o Estado Emergência por mais 30 dias em todo o território nacional com início as 00 horas do dia 31 de Maio de 2020 e término as 23h59 do dia 29 de Junho”, como medida para tentar conter o novo coronavírus que já se propagou por todas as províncias e causou a morte de dois moçambicanos. Em Declaração à Nação nesta quinta-feira (28) Filipe Nyusi anunciou ainda que as medidas de contenção da doença “nos fizeram rever em baixa o crescimento global da nossa economia e que implicarão uma contração da mesma que se traduzirá numa taxa negativa de menos 3,3 por cento”.
“É difícil o que tenho de dizer que a nossa esperança e a minha era ao contrario, mas neste contexto atentos a situação real do país e devidamente aconselhado, decidi prorrogar pela segunda vez o Estado Emergência por mais 30 dias em todo o território nacional com início as 00 horas do dia 31 de Maio de 2020 e término as 23h59 do dia 29 de Junho”, anunciou o Chefe de Estado no dia em que o novo coronavírus chegou a Província do Niassa e foi anunciado o segundo óbito pela pandemia.
Nyusi iniciou a sua Declaração à Nação recordando o diagnóstico do primeiro pacientes, o aumento de casos esporádicos e a evolução “para uma tendência progressiva e assustadora do número de casos, das cadeias de transmissão e do número de províncias com registo positivo. Constatamos igualmente o aumento de casos de transmissão local da covid-19 quando comparados com os importados, verificamos o incremento das pessoas com sintomas, bem como o aumento do risco para o pessoal de Saúde.
“Testemunhamos o surgimento de casos da covid-19 como resultado de interacções que tiveram lugar nos principais corredores rodoviários. Assim a não observância do cumprimento das medidas de forma individual e colectiva tem concorrido desde então para o alastramento da pandemia no país. A doença está a atingir todas as faixas etárias, com maior incidência entre os jovens dos 15 a 40 anos, revelando-se uma ameaça ao nosso futuro como Nação”, lembrou o Presidente da República declarando que apesar deste cenário a transmissão comunitária ainda está só “iminente”.
Moçambique vai entrar em recessão
O estadista moçambicano disse que “ao longo do período de emergência aprendemos que temos dois grande desafios, designadamente como travar a propagação do vírus por um lado e como garantir que as medidas que tomamos não prejudiquem a nossa economia”.
“Estamos cientes da dureza que implicam algumas destas medidas que estão em implementação para contenção da propagação do coronavírus, temos consciência de que estas medidas de contenção nos fizeram rever em baixa o crescimento global da nossa economia e que implicarão uma contração da mesma que se traduzirá numa taxa negativa de menos 3,3 por cento”, anunciou o Presidente Nyusi, admitindo o irrealismo dos 2,2 por cento inscritos no Orçamento de Estado aprovado para 2020.
O PR deixou alguma esperança de regresso a normalidade em breve, “Como afirmamos na comunicação passada, voltamos a dizer mais uma vez que os próximos 15 dias são decisivos para ditar o relaxamento ou o aperto de algumas medidas”.
“Iremos submeter à Comissão Técnico-Científica, para reflexão sobre o melhor momento para a retoma das aulas com enfoque para as classes com exame. Nos próximos dias, vamos avaliar o momento para a retoma de formação de professores, formação profissional, de treinamento de extensionistas e quando retomar as aulas das instituições de ensino superior; Vamos avaliar se existem condições para o retorno de técnicos e especialistas de diferentes sectores retidos no exterior devido a medidas de emergência. Outras medidas, como por exemplo, a abertura de fronteiras aéreas, terrestres e marítimas para o transporte de pessoas e mercadorias, serão estudadas em função da tendência da covid-19 em Moçambique”.
“A nível do Desporto e Cultura, dependendo da nossa responsabilidade colectiva, iremos avaliar o momento para autorizar o treinamento das selecções nacionais de alto rendimento com compromissos internacionais, assim como o figurino ideal para a promoção de feiras, exposições ou espectáculos. O tempo vai ditar se valerá a pena continuar a permitir a venda de álcool aos fins de semana ou se é o momento para o prolongamento das horas de funcionamento de restaurantes incluindo os bottle stores. Tudo depende de nós, depende da observância das medidas de prevenção, depende da mudança do estilo de vida e da nossa disciplina, alertou o Presidente Filipe Nyusi.
No entanto o @Verdade revelou que a transmissão comunitária do novo coronavírus já está acontecer, como evidenciam as 96 cadeias independentes e cuja fonte de infecção ainda não foi determinada, e claramente houve uma explosão da pandemia na Cidade de Pemba.
Analisando os planos de mitigação do Ministério da Saúde, que dentre outras acções está a instalar laboratórios de testagem da covid-19 nas capitais provinciais, é muito provável que a covid-19 continue em Moçambique durante os próximos 6 meses, a dúvida é com que medidas de contenção enfrentaremos o pico da pandemia, até porque o Estado de Emergência ainda pode ser prorrogado uma terceira vez sem necessidade de mexer na Constituição da República.