O presidente eleito do Chile, o milionário Sebastián Piñera, iniciou a venda de suas ações da companhia aérea LAN, que correspondem a 26% do total, cumprindo promessa feita durante a campanha para evitar conflitos de interesses.
A empresa Axxion – de propriedade de Piñera – decidiu vender todos os seus títulos na companhia aérea LAN (19% do total), indicou. “A junta extraordinária de acionistas da Axxion decidiu autorizar a venda ou alienação de até todas as ações da LAN Airlines das quais a empresa é titular”, indicou um comunicado.
Piñera, que tomará posse em 11 de março, possui 26% do total das ações da companhia aérea LAN, uma das mais conhecidas da América Latina: 19% pela Axxion e 7% pela sociedade “Inversiones Santa Cecilia”. No comunicado, a Axxion lembra que, em virtude de “um pacto de acionistas”, a primeira opção de compra é da sociedade Costa Verde Aeronáutica, que pertence à família Cueto (com 23% da LAN). A Costa Verde tem 20 dias para decidir.
Ainda esta sexta-feira essa empresa aprovou um aumento de capital de 1 bilhão de dólares, embora não tenha mencionado se será para a compra de ações da LAN. “Estamos falando de uma transação de US$ 2 bilhões pelos 26%”, afirmou o economista Luis Eduardo Escobar à rádio Cooperativa. “Essas cifras são espetacularmente grandes e é muito difícil que a operação seja concluída antes de 11 de março. Não é impossível, mas é muito pouco provável que isso ocorra”, acrescentou.
Piñera, que venceu a eleição presidencial no Chile em 17 de janeiro, comprometeu-se a se desfazer de todas as ações da companhia aérea antes de assumir a Presidência, para evitar conflitos de interesses. Fontes do governo – que agora se adequa ao seu novo papel de opositor – criticaram o mecanismo de venda de ações.
O presidente interino do Partido Socialista (PS), Fulvio Rossi, apontou para os ganhos que Piñera obterá com esta venda e lamentou que sejam fruto de sua carreira no serviço público, referindo-se a seu passado de oito anos como congressista. “Isso mostra mais uma vez como é importante separar a política dos negócios; há experiências muito ruins no mundo de como fica a democracia quando isso não ocorre”, afirmou Rossi.
