O recém-empossado presidente egípcio, Abdel Fattah al-Sisi, manteve o primeiro-ministro no cargo, esta segunda-feira (9), salientando a continuidade do governo à medida que procura consertar a economia e superar divisões políticas depois de um longo período de tumulto e derramamento de sangue.
Em comentários divulgados pela agência estatal de notícias, o primeiro-ministro Ibrahim Mehleb, que momentos antes apresentara a renúncia do ministério, disse que o actual governo continuará em funcionamento interinamente até a formação do novo gabinete.
As consultas ainda não começaram, segundo ele, embora as autoridades tenham dito que muitos dos principais ministros, como o da Economia, não devem ser trocados.
Quando era chefe da Forças Armadas, Sisi depôs o presidente islâmico Mohamed Mursi em Julho do ano passado, depois de uma onda de protestos no país, e foi empossado no domingo numa cerimónia com poucos dirigentes de países aliados do Ocidente, preocupados com a repressão no país.
Embora Sisi tenha deixado a corporação militar em Março, o comparecimento às urnas mais baixo do que o esperado nas eleições presidenciais do mês passado não lhe deu um forte mandato para impor duras medidas que recuperam a economia do país, prejudicada por três anos de instabilidade e por regulares episódios de violência que afastaram investidores e turistas.
Manter os principais ministros nos seus cargos pode fazer com que Sisi aja rapidamente para implementar reformas. A Reuters informou na sexta-feira que os consultores ocidentais aconselhavam o governo egípcio num plano de reforma económica que poderia servir como base para retomar as conversas sobre um acordo de empréstimo com o Fundo Monetário Internacional (FMI).
A principal motivação por trás do projecto de consultoria está nos Emirados Árabes Unidos, que, com a Arábia Saudita e o Kuwait, já forneceram bilhões de dólares em ajuda ao Egito desde a remoção de Mursi do poder.
Como mandatário efectivo do país desde meados do ano passado, Sisi vem ofuscando a Irmandade Muçulmana, partido de Mursi, com uma repressão dura, na qual centenas de partidários do ex-presidente foram mortos ou presos, o que polarizou o país com maior população árabe do mundo.