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Presidente do Egito antecipa-se a protestos e propõe reforma constitucional

O presidente egípcio, Mohamed Mursi, ofereceu nesta quarta-feira que seus oponentes tenham voz numa reforma da controversa nova Constituição e num fórum para a busca da “reconciliação nacional”, numa aparente tentativa de esvaziar as grandes manifestações convocadas contra o seu governo para domingo.

Num desafiador discurso de duas horas transmitido pela TV, o presidente islâmico atacou os “inimigos do Egito” que estariam tentando desestabilizar o país, mas acenou com concessões.

Fazendo um balanço do seu primeiro ano de governo, Mursi disse que a “paralisia” do país é responsabilidade de pessoas que permanecem no governo depois de terem sido colocadas em seu cargo por Hosni Mubarak, presidente derrubado por uma rebelião em 2011.

Mursi disse que convidará líderes partidários para uma reunião na quinta-feira, a fim de escolher o presidente de uma comissão pluripartidária que irá preparar emendas à Constituição.

A Carta foi aprovada em referendo no ano passado, com apoio de políticos islâmicos, mas muitos membros da oposição dizem que ela é tendenciosa. Outro anúncio do presidente foi a formação de uma comissão com figuras públicas, incluindo clérigos muçulmanos e cristãos, para promover a “reconciliação nacional”. “Eu digo à oposição: o caminho da mudança está claro”, disse Mursi. “As nossas mãos estão estendidas.”

O discurso pareceu ter também a preocupação de acalmar os militares, na semana em que o chefe das Forças Armadas alertou que os quartéis podem intervir caso os políticos não resolvam uma polarização que tem causado crescente violência nas ruas, incluindo duas mortes na quarta-feira.

Opositores liberais de Mursi esperam atrair milhões de pessoas para as ruas para pedir a renúncia de Mursi no domingo, primeiro aniversário da posse do presidente. Os islamitas também querem demonstrar sua força e convocaram um grande ato público na sexta-feira.

No começo do seu discurso, Mursi admitiu erros e prometeu reformas, mas foi firme em denunciar – em alguns casos nominalmente – aqueles que considera serem os culpados por tentar fazer “o relógio voltar” para antes da revolução de 2011.

Interrompido por ocasionais gritos de apoio de partidários islâmicos, Mursi disse a uma plateia que incluía também generais e autoridades civis que muitas das dificuldades do seu primeiro ano de governo se deveram à influência de personalidades corruptas que foram nomeadas por Hosni Mubarak antes da revolução de 2011.

“Assumi a responsabilidade por um país mergulhado na corrupção e fui confrontado com uma guerra para me fazer fracassar”, disse ele, citando algumas autoridades de alto escalão, inclusive um candidato derrotado por Mursi no segundo turno da eleição presidencial do ano passado.

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