Guy Scott, da Zâmbia, tornou-se no primeiro chefe de Estado branco no continente africano em 20 anos, nesta quarta-feira, depois que o presidente do país, Michael Sata, morreu num hospital na capital da Grã-Bretanha aos 77 anos. Scott, economista formado em Cambridge e filho de escoceses, era vice-presidente de Sata. Ele será o líder interino até a realização de uma eleição em três meses, tornando-se o primeiro líder africano branco desde que F.W. de Klerk perdeu para Nelson Mandela na eleição de 1994 na África do Sul, que acabou com o apartheid.
Scott, de 70 anos, não pode concorrer à Presidência nas eleições por causa de restrições de cidadania, deixando o ministro da Defesa, Edgar Lungu, e o ministro das Finanças, Alexander Chikwanda, como os candidatos mais prováveis do partido governista Frente Patriótica, segundo analistas.
“As eleições para o cargo de presidente ocorrerão dentro de 90 dias. Nesse período, eu sou o presidente interino”, disse Scott em um breve discurso televisionado. “O período de luto nacional vai começar hoje. Vamos sentir falta do nosso amado presidente e companheiro.”
Sata, uma controversa figura apelidada de “Rei Cobra” por causa da sua língua venenosa, morreu em Londres, onde estava sob tratamento médico, informou o governo do país africano. Sata, cujos ataques a companhias estrangeiras de mineração atrapalharam investidores, morreu na noite de terça-feira no Hospital Rei Edward 7º, de acordo com os sites Zambia Reports e Zambian Watchdog. A causa da morte não foi imediatamente revelada, mas Sata, que se tornou presidente do segundo maior produtor de cobre da África em 2011, já estava doente há algum tempo.
“Como vocês sabem, o presidente estava a receber tratamento médico em Londres”, disse o secretário de gabinete, Roland Msiska, na TV estatal. “O chefe de Estado morreu em 28 de outubro. A morte do presidente Sata é profundamente lamentada.”
Analistas disseram que investidores não devem sentir falta do estilo confrontacional de liderança de Sata. “O presidente Sata tem sido uma figura divisiva do Zâmbia no lado económico, adotando medidas autoritárias e políticas ad hoc contra o crucial sector de mineração nos últimos anos, o que prejudicou o investimento”, disse a consultoria sul-africana ETM. “A morte do presidente pode abrir caminho para uma administração mais reformista e ajudar a remover as amplas incertezas políticas.”
O variado currículo de Sata incluía serviços como policia, funcionário de linha de produção automotiva, sindicalista comercial e auxiliar de limpeza de plataforma na estação de Vitória, em Londres. Ele deixou a Zâmbia no dia 19 para receber tratamento médico, acompanhado da sua mulher e de membros da sua família.