O Presidente da República, Armando Guebuza, recebeu, Quarta-feira, em Maputo, as cartas credenciais dos embaixadores do Mali, Balladgi Diakite; do Perú, Daúl Jesus Enrique Matute Mejia; do Marrocos, Mohamammed Amar; da Guiné-Equatorial, José Esono Micha Akeng; do Israel, Irit Savion Waidergorn e do alto-comissário da Namíbia, Marten Ninkete Kapewasha.
Falando minutos após o término do evento, o ministro dos negócios estrangeiros, Oldmiro Baloi, disse que a cooperação com a maioria destes países ainda é incipiente e que carece de um catalisador para tornar as relações mais profícuas.
Segundo Baloi, o Mali é um dos países com quem Moçambique possui boas relações políticas e diplomáticas, mas que em termos de cooperação não existe praticamente nada.
Por isso, disse Baloi, o embaixador do Mali trouxe um convite para o presidente moçambicano visitar o Mali logo que houver oportunidade, pois esse seria um bom ponto de partida para o incremento da cooperação entre ambos os países.
A semelhança do Mali, as relações entre Moçambique e o Peru limitam-se a cooperação e concertações políticas e diplomáticas. “Em termos de cooperação económica, cultural e social não temos praticamente nada”, disse Baloi.
Contudo, explicou, existe um grande potencial com relação ao Peru. Durante o encontro com o estadista moçambicano, o embaixador do Peru abordou a cooperação no domínio da saúde, ciência e tecnologia, tendo também manifestado o seu interesse em colher a experiência de Moçambique na área da desminagem.
Moçambique, por seu turno, deseja partilhar a experiência do crescimento económico do Peru, cujas exportações registaram um crescimento exponencial nos últimos 10 anos.
“De cinco biliões de dólares que exportava há cerca de sete ou oito anos, o Peru passou para um volume de exportações de cerca de 43 biliões de dólares”, disse Baloi.
O seu sucesso no combate a pobreza, que nos últimos 10 anos reduziu na ordem 15 por cento, é outra experiência que interessa Moçambique.
Refira-se que, recentemente, o presidente moçambicano realizou uma visita de Estado a Namíbia e que culminou com a assinatura de vários acordos e memorandos de entendimento, incluindo as áreas das pescas e recursos minerais.
Por isso, para o caso da Namíbia, Baloi afirma que, actualmente, interessa a ambos os países trabalhar para a implementação dos referidos acordos. No caso de Marrocos, disse Baloi, existem grandes divergências políticas com relação a Sahara Ocidental, pois Moçambique defende a independência deste último país.
Por isso, apesar de haver espaço para a cooperação económica, Moçambique defende a necessidade de realização de um referendo para que seja o próprio povo Sarauí a decidir o seu próprio futuro.
Na ocasião, Baloi disse que Moçambique não possui relações históricas com a Guiné-Equatorial e que a cooperação entre ambos os países limita-se a concertações políticas e diplomáticas, sobretudo durante os últimos meses, depois deste país ter assumido a presidência rotativa da União Africana (UA) Segundo Baloi, durante a sua audiência com o estadista moçambicano, o embaixador da Guiné-Equatorial manifestou a sua preocupação com a adesão do seu país à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).
“O embaixador aproveitou esta oportunidade para pedir o apoio de Moçambique, pois, a partir de 2013, Moçambique vai assumir a presidência da CPLP”, disse o ministro.
Com relação ao Israel, foi neste país onde foram formados os primeiros socorristas moçambicanos no início da luta de libertação nacional. Mesmo assim, as posições de Moçambique e Israel divergem quanto a interpretação da situação na Palestina.
No caso vertente, Moçambique defende a existência de um Estado palestino e deplora a resposta desproporcionada do Israel em retaliação aos ataques dos guerrilheiros do Hamas.
“Temos diferenças de natureza política profundas”, disse Baloi, para de seguida acrescentar “mas podemos cooperar e o embaixador do Israel comprometeu-se a explorar connosco caminhos que possam dar uma substância a cooperação”.
Coincidentemente, todos os diplomatas acreditados hoje, têm a sua residência nas capitais dos países vizinhos, nomeadamente, Pretoria, Antananarivo e Luanda. Questionado sobre o assunto, Baloi ter sido uma mera coincidência e algo normal, que se deve apenas à racionalização e contenção de custos.
“É algo perfeitamente normal, foi mera coincidência que isso aconteceu. Por exemplo, temos pela primeira vez um embaixador do Mali, pela primeira vez um embaixador da Guiné-Equatorial. Portanto, a residência é significativa, é importante, mas não é determinante. Temos embaixadores residentes que produzem menos do que embaixadores não residentes”, concluiu.