O presidente da Federação Internacional de Futebol (FIFA), Gianni Infantino, apela aos líderes africanos para porem termo à corrupção no seio do futebol no continente.
Infantino fez domingo um aparecimento histórico na 32.ª assembleia dos chefes de Estado da União Africana (UA), em Addis Abeba, aproveitando esta imensa oportunidade para abordar problemas sociais de África. Inquéritos da instância reitora do futebol mundial desvendou uma série de atos de corrupção no futebol africano.
Antes do Mundial de futebol de 2018 na Rússia, um responsável do futebol queniano foi suspenso, devido a acusações proferidas contra si relativamente a uma eventual corrupção num vídeo publicado por uma equipa de investigação ganense, identificada como Tiger Eye PI e dirigida por Anas Aremeyaw Anas.
Ahmed Hussein Suele, jornalista membro da equipa de Tiger Eye PI, que descobriu a corrupção por parte de responsáveis do futebol ganense em África, foi abatido a 16 de janeiro último em Accra, a capital do gana, o que, a seu ver, revelou o estilo mafioso na gestão do futebol em África.
Nas últimas semanas, um inquérito da FIFA revelou um série de jogos falsos que implicam jogadores e responsáveis de empresas de apostas desportivas no Quénia. Infantino indicou que a corrupção, incluindo a organização de jogos e a segurança dos fãs de futebol em África, constitui uma ameaça ao futebol na maioria dos estádios africanos.
“Não podemos morrer ao irmos ver jogos de futebol. Achamos que o futebol pode ajudar a ensinar aptidões à vida diária, o espírito de equipa e o trabalho de equipa. Ganhar e perder é uma filosofia que queremos dar aos nossos filhos”, sublinhou.
O presidente da FIFA indicou que, durante o seu mandato, quase 112 milhões de dólares americanos foram consagrados ao desenvolvimento do futebol em África, dos quais 23 milhões investidos pela FIFA durante a sua eleição à frente da instituição. Ele também realçou o aumento do número de países participantes no Mundial da FIFA para permitir uma maior presença das equipas africanas nesta competição.
Num discurso, marcado por aplausos, o presidente da FIFA felicitou no entanto líderes africanos por lhe terem permitido discutir sobre questões de futebol durante a sua reunião, em reconhecimento dos esforços que visam promover o futebol em África.
“Finalmente, a UA fala num problema que une África. Estou aqui para oferecer um instrumento e transmitir uma mensagem. A FIFA está lá e o instrumento é o futebol. É muito mais do que um jogo”, declarou Infantino na cimeira.
Declarou que o futebol é um instrumento social suscetível de reforçar a coesão social em África e contribuir para a melhoria dos tratamentos sanitários, da educação e do crescimento económico.
“O entusiasmo para o futebol em África é único. Lembro-me de ter visto os Camarões empatarem com a Itália na minha adolescência, a Argélia vencer a Alemanha. É a vez de África vencer o Mundial”, vaticinou Gianni Infantino. Indicou que a sua participação na cimeira deve marcar o início duma parceria mais fecunda com a UA.