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Presidente da Câmara dos Comuns britânica anuncia saída, no meio de um escândalo

Envolvido no escândalo de uso indevido de verbas públicas, Michael Martin, presidente da Câmara dos Comuns da Grã-Bretanha, anunciou sua renúncia ao cargo nesta terça-feira, em um ato sem precedentes nos três últimos séculos no país.

“Desde que cheguei a esta Câmara, há 30 anos, sempre soube que ela precisava de união para dar o melhor de si mesma”, declarou Martin, que ocupava o cargo há nove anos. “Para que esta unidade possa ser mantida, decidi apresentar minha demissão, que se tornará efetiva no dia 21 de junho”, acrescentou, destacando que a eleição de seu sucessor acontecerá no dia seguinte.

A porta-voz de Martin especificou em seguida que Martin também abrirá mão do cargo de deputado da circunscrição nordeste de Glasgow, o que levará à realização de legislativas parciais neste reduto trabalhista. Michael Martin, 63 anos, ex-operário do setor metalúrgico, estava sendo pressionado por muitos deputados por não ter-se empenhado o suficiente em coibir o uso indevido de verbas públicas pelos membros da Câmara dos Comuns, o que abriu um dos maiores escândalos políticos dos últimos anos no Reino Unido, causado por pedidos irregulares de reembolso de despesas dos deputados.

Como presidente da Câmara dos Comuns, Martin dirige os debates parlamentares, mas também é encarregado do funcionamento geral desta instância, o que inclui a fiscalização das despesas parlamentares, o que o levou a um acalorado debate com os colegas. Martin é acusado até de pedir reembolso por viagens de táxi feitas por sua mulher.

Uma moção de censura pedindo sua renúncia emitida segunda-feira foi assinada por 23 deputados de todos os partidos políticos. Porém, Martin se recusou, então, a deixar o cargo. O conservador Douglas Carswell, autor da moção de censura, elogiou nesta terça-feira a mudança de postura de Martin. “Isso (a renúncia) nos proporciona a oportunidade única de instalar uma nova Câmara dos Comuns que não seja uma casta à parte. Temos que modernizar esta casa, e torná-la compatível com a era YouTube”, declarou.

Michael Martin foi o primeiro presidente da Câmara dos Comuns a renunciar desde 1695, ano em que Sir John Trevor teve que sair depois da revelação de que aceitara dinheiro para apoiar uma lei. De acordo com uma pesquisa publicada nesta terça-feira pelo Guardian, 69% dos britânicos consideram que o primeiro-ministro Gordon Brown não lidou bem com o escândalo.

Ao contrário, para 55% das 1.002 pessoas entrevistadas, seu adversário conservador David Cameron se saiu bem na crise política.

Se houvesse uma eleição geral antecipada, o Partido Trabalhista, no poder, reuniria apenas 28% dos votos, contra 39% para a oposição conservadora.

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