O presidente da África do Sul, Jacob Zuma, negou nesta sexta-feira ter agido de forma desonesta num escândalo sobre gastos indevidos do Estado na sua residência particular, depois de uma incisiva decisão judicial ter provocado pedidos para que ele renunciasse. O escândalo é possivelmente o maior a atingir Zuma, que tem se defendido de acusações de corrupção, tráfico de influência e mesmo estupro, desde antes de assumir o cargo em 2009.
Este novo escândalo acontece antes de eleições locais que podem resultar em perda de apoio para o partido do governo, o Congresso Nacional Africano (ANC ). O principal Tribunal sul-africano considerou na quinta-feira que Zuma havia falhado no cumprimento da Constituição ao ignorar as instruções para devolver parte dos 16 milhões de dólares norte-americanos de recursos públicos gastos na reabilitação da sua extensa residência em Nkandla.
“Eu quero enfatizar que eu nunca consciente ou deliberadamente agi para violar a Constituição” disse o Presidente num discurso televisionado à nação onde acrescentou que “Qualquer acção que tenha sido encontrada contra a Constituição aconteceu por causa de um aconselhamento jurídico diferente”.
Em seguida, Zuma pediu desculpas pela frustração e pela confusão causadas pelo escândalo, um dia após a Suprema Corte da África do Sul ter ordenado que ele deve, pessoalmente, restituir o dinheiro ao país.
“Eu peço desculpas em meu nome e no nome do meu governo. Exorto todas as partes a respeitar o julgamento e a cumpri-lo” afirmou o Chefe de Estado que de enfatizou “Eu recebo o julgamento sem reservas”.
A decisão unânime do tribunal de 11 juízes, um pilar central da democracia estabelecido no final do apartheid, é a última reviravolta de uma saga de seis anos sobre a residência Nkandla. Na quinta-feira, a oposição disse que apresentaria uma moção ao Parlamento pedindo a destituição do presidente.
Tentativas de retirar o presidente do cargo procedimento legal enfrentariam forte dificuldade no Parlamento, dominado pelo partido de Zuma. No entanto, alguns sul-africanos acreditam que o escândalo pode abalar a imagem do líder de 73 anos e, consequentemente, levar políticos a deixar o partido que governa a África do Sul desde 1994.