É irreversível. O preço de passagem nos transportes públicos urbanos no Município de Maputo deverá passar dos actuais cinco para sete meticais e de sete meticais e cinquenta centavos para nove meticais por viagem, a partir da próxima semana. Trata-se de um agravamento defendido com unhas e dentes em nome da melhoria do serviço de transporte, mas na prática muito poucos são os benefícios que o cidadão irá obter, pois, no âmbito desta medida, não há fórmula para contrariar o encurtamento da distância regular e, consequentemente, os diversos transportes que os munícipes se queixam de ter de usar para chegarem ao seu destino.
Para as zonas como Marracuene e Boane, onde a tarifa actual é de 10 meticais, a edilidade fixou como novos preços 15 e 20 meticais, respectivamente.
O novo preçário para a prestação de serviços de transporte público urbano de passageiros indica que a Empresa Municipal de Transportes de Maputo (EMTPM) passará a cobrar na carreira normal sete meticais, enquanto os transportes semi-colectivos, agremiados à Federação Moçambicana dos Transportadores Rodoviários (FEMATRO), irão praticar sete meticais para uma distância igual a 10 quilómetros e, acima desta, nove meticais.
As razões do aumento da tarifa são os elevados custos de combustíveis, peças e sobressalentes, óleos e lubrificantes, pneus e câmaras-de-ar, emissão de bilhetes, salários, entre outras. Entretanto, os transportadores dizem que o valor é pouco e o cidadão não se deve iludir pensando que algo vai melhorar.
O vice-presidente da FEMATRO, Luís Munguambe, afirma que “há oito anos que transportamos gente sem ganhar dinheiro. A tarifa que vai entrar em vigor é insatisfatória. É uma medida paliativa. Nós aceitamos este valor só para acautelar que o cidadão continue a ser transportado, mas não rende nada. Por isso hoje os carros estão todos tecnicamente em mau estado. Ninguém tem capacidade para restaurar nem para comprar novos. Quando a tarifa for boa entrarão novos carros. Nenhum banco concede financiamento com o que ganhamos”.
Em relação ao encurtamento da distância prevista no regulamento, Munguambe considera que os mesmos se devem à tarifa que se mantinha inalterável há oito anos, enquanto os operadores só acumulavam prejuízos. A última revisão da tarifa aconteceu em 2004, altura em que entre Maputo e Matola circulavam oito mil viaturas, das quais as operacionais neste momento não ultrapassam as 1.600 unidades. Estas garantem diariamente a deslocação de 800 mil pessoas para diferentes destinos nas duas cidades.
Por via desta crise, que persiste sem medidas à sua altura, os operadores abandonaram, gradualmente, o serviço de transporte de passageiros. Os que ainda se mantêm no ramo queixam-se dos mesmos problemas de sempre, dentre eles uma tarifa desajustada, estradas em condições deficitárias e a existência de supostos operadores não licenciados.
A Empresa Municipal de Transportes de Maputo, segundo a edilidade, entende que o preço real de passagem por passageiro devia passar de cinco para 15.24 meticais, e de sete meticais e cinquenta centavos para 23.13 meticais. Para as zonas onde a viagem custa 10 meticais, a tarifa passaria para 38.55 e 57.83 meticais, dependendo da distância.
Ainda de acordo com o município, ao invés de cinco meticais, a FEMATRO passaria a cobrar 10.87 meticais e de sete meticais e cinquenta centavos para 16.31 meticais. O presidente do Conselho Municipal de Maputo, David Simango, reconhece que o sistema de transportes em Maputo está um caos e em vias de colapso caso nada seja feito. Entretanto, para justificar o incremento da tarifa, afirma que “não nos podemos manter insensíveis perante as enchentes que se verificam nas paragens durante as horas de ponta e que parecem comícios.
O aumento do preço não é tudo. Mais trabalho deve haver de modo a encontrar soluções para problemas como encurtamento de rotas e subsídio ao transportado”. Segundo o edil, a questão de transporte deve ser vista e analisada em várias vertentes, dentre elas a transitabilidade e mobilidade nas diferentes vias, porque mesmo que se aloque carros às frotas, se não houver estradas em condições e semáforos devidamente equipados para escoar devidamente o tráfego, qualquer trabalho pode ser nulo.
