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Preço de castanha de cajú continua uma incerteza

O comportamento que, nos próximos seis meses, vai caracterizar o mercado internacional da amêndoa de castanha de caju (que não está ilibado da crise financeira que afecta, sobretudo, as multinacionais) será determinante para a fixação do preço a vigorar na presente campanha de comercialização daquele produto estratégico para a economia nacional, que arrancou, oficialmente, esta terça feira à escala nacional.

 

Esta posição foi manifestada pelos principais intervenientes no processo de comercialização de castanha e pelos industriais do sector do caju quando entrevistados pela nossa reportagem, à margem das cerimónias oficiais que marcaram a abertura oficial dos mercados, acto que teve lugar no posto administrativo de Itoculo, distrito de Monapo.

 

Segundo apuramos, a campanha de comercialização da castanha de caju em curso abriu com o preço médio de sete meticais o quilograma nos mercados das regiões sul, centro e norte, esta última considerada como detentora de maior potencial para aquela cultura de rendimento para as famílias produtoras e que mexe nas contas dos governos provinciais relativas ao seu desempenho económico Export Marketing na província de Cabo Delgado, a compra da castanha de caju deve obedecer a critérios assentes no comportamento do mercado internacional do produto.

Segundo ele, o preço da amêndoa nos principais mercados, nomeadamente da Europa, Estados Unidos da América e parte da Ásia, não são encorajadores neste momento. Somos obrigados a ter muitas cautelas quando estivermos a comprar a castanha. A primeira missão será consultar os indexes da amêndoa que estão sendo praticados no mercado internacional e depois avançar nas compras em volumes mais aconselhados para a circunstância – precisou Shrikanth Naik. A Export Marketing detêm uma fábrica de processamento de castanha de caju no distrito de Chiure, no sul da província de Cabo Delgado, e não traça limites para a compra daquele produto de exportação devido à forte dependência que os exportadores de amêndoa têm em relação ao mercado internacional.

Valentim Subaire, da empresa Condor indústrias de Nampula, detentora de duas unidades de processamento nesta província, prevê comprar cerca de oito mil toneladas de castanha na campanha em curso. Mas, reconheceu que as quantidades em alusão são, aparentemente, irrisórias para uma empresa do seu gabarito, justificando que tal facto se deve às precauções que devem ser tomadas face à crise financeira global de que os potenciais mercados da amêndoa não são excepção.

Para Subaire, o mercado onde a sua empresa coloca a amêndoa processada não é justo como se pensa, porquanto os compradores é que ditam as regras do jogo. Este fenómeno explica-se pelo facto da maioria das empresas vocacionadas na compra de amêndoa de castanha de caju produzida nos países subdesenvolvidos terem que processar novamente o produto para cumprir as regras de qualidade que os respectivos governos exigem para colocação no mercado.

Todavia, admitiu a possibilidade da sua empresa vir a incrementar o volume de compras de castanha de caju na presente época, mas adverte que essa decisão depende da evolução positiva do preço no mercado internacional da amêndoa ou na sua manutenção para não ditar o encerramento das fábricas e, consequentemente, agravar a situação social dos seus trabalhadores e respectivas famílias.

Entretanto, observa que, quando o processo de compra de castanha de caju se aproxima do seu término, o preço junto do produtor/apanhador dispara, ultrapassando a fasquia dos dez meticais, que tem sido o máximo praticado nos últimos anos. Santos Morra, do grupo OLAM, que opera nas províncias do centro e norte, acredita na possibilidade da repetição do cenário acima descrito, na presente campanha de comercialização de castanha de caju.

Contudo, referiu que esse facto, só por si, não poderá desviar as intenções do seu grupo económico de marcar uma forte presença no capítulo das exportações de amêndoa que tem o seu ponto de partida na compra de castanha. Se o mercado internacional continuar a comportar-se positivamente, vamos incrementar o volume de compras de castanha junto do produtor a qualquer preço. Contudo, o aspecto da qualidade da castanha é que vai dominar o processo de compra, para que possamos reduzir os níveis de desperdícios no acto de descasque e conseguir uma posição favorável no mercado internacional – disse.

Mohomed Yunuss Gafar, presidente da Associação dos Industriais do Caju em Nampula e empresário do sector, realçou que a definição do preço a vigorar no processo de comercialização da castanha vai depender, em grande medida, dos níveis de procura do produto no mercado internacional porquanto os níveis de consumo da amêndoa, são, ultimamente, muito inferiores.

O que significa que, se a procura de amêndoa for menor no mercado internacional, os preços actualmente em vigor na compra de castanha de caju dificilmente poderão atingir os dez meticais. Porém, mostra-se optimista em relação ao abrandamento da crise financeira global que vai ditar a maior procura de matérias primas de África para a Europa e Estados Unidos da América. Observou que a maioria dos industriais do sector está amarrada ao mercado europeu, que tem propalado estar a praticar preços justos, o que, na sua óptica, não constitui verdade. Os industriais devem optar por outras praças internacionais porque isso pode trazer mais valia do ponto de vista financeiro. Frisou.

Para Filomena Maiopué, directora nacional do Instituto de Fomento de Caju, a grande dificuldade que o produtor enfrenta para obter castanha de boa qualidade são as queimadas descontroladas, adicionadas à colheita precoce daquela cultura, além do seu deficiente maneio por parte de alguns produtores.

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