O acidente que se verificou, semana passada, no canal de acesso ao Porto da Beira, envolvendo dois navios mercantes, uma investigação independente desenvolvida pelo O Autarca permitiu concluir que a precipitação do piloto dos CFM, António Saene Manico, por sinal ainda chefe da equipe de pilotagem dos CFM afecta ao Porto da Beira, pode ter sido a causa principal que resultou o sinistro.
No entanto, sabe-se que foi criada uma comissão de inquérito multi-sectorial que está a investigar as causas do acidente assim como determinar o grau dos danos decorrentes do mesmo.
O acidente do tipo colisão deuse na tarde do passado dia 12 de Setembro corrente, tendo envolvido os navios “Suni Pricess”, na circunstância encontrava-se de saída do Porto da Beira, e o “Bow Engineer” que estava de entrada. O piloto dos CFM, António Saene Manico, é quem havia sido escalado para pilotar os dois navios, nomeadamente tanto o que estava de saída e o que devia entrar no Porto da Beira.
Aegundo O Autarca, António Saene Manico pilotou o navio “Suni Pricess” mas no lugar de desembarcar na zona segura onde normalmente tem sido, depois da bóia “P”, este precipitou-se a largar a embarcação na zona compreendida entre as bóias “6A” e “3”, confiando nas instruções que havia dado ao comandante do navio sobre o rumo que devia seguir.
Já bordo do rebocador “Salvo”, alugada pelos CFM, Manico teria assistido o comandante do “Suni Pricess” a navegar sozinho ao longo do canal, uma situação que tem sido bastante acautelada, e na mesma altura ordenou o comandante do navio “Bow Engineer”, que na altura se encontrava fora do canal, à entrar até o seu encontro na zona onde dissemos ele desembarcou do “Suni Pricess”, entre as bóias “6A” e “3”.
Os dois navios acabaram se cruzando no interior do canal, uma situação que as autoridades portuárias da Beira tem evitado devido os riscos de colisão que existem uma vez o canal de acesso ao Porto da Beira é estreito, o que se confirmou quando os comandantes das duas embarcações sozinhos não conseguiram controlar acabando por se chocar, enquanto o piloto dos CFM António Saene Manico que havia sido escalado para dirigir as operações assistia o sinistro a bordo do rebocador “Salvo”.
Portanto, Manico Saene não só precipitou-se ao desembarcar do “Suni Pricess” antes da zona recomendada, como também precipitou-se ao ordenar a entrada do “Bow Engineer” antes de ter a certeza de a primeira embarcação já havia largado completamente a zona do canal.
Contactado pelo jornal O Autarca, António Saene Manico negou responsabilidades sobre o acidente, alegando na altura da colisão ele não se encontrava a bordo de nenhum dos dois navios.
Entretanto, quando o questionamos porque razão não acompanhou o “Suni Pricess” até fora do canal onde normalmente devia desembarcar e onde devia embarcar no “Bow Engineer” para dar entrada ao Porto da Beira, António Saene Manico já não nos respondeu, alegando falta de autorização para comentar ao jornal.
António Saene Manico, refira-se, é o mesmo piloto dos CFM que acabou tendo culpa pelo acidente que envolveu o navio petroleiro “Songa Crystal”, o qual encalhou no canal de acesso ao Porto da Beira no dia 12 de Março deste ano, por ter usado de forma irresponsável a sua posição de chefe de pilotos ordenando um cadete para introduzir a embarcação, com o agravante de ter sido de carga pesada. Na ocasião, Antóno Saene Manico foi duplamente alvo de suspensão das suas funções e de processo disciplinar.
Conforme tanto O Autarca escreveu na altura sobre o encalhe do petroleiro “Songa Crystal”, ao escalar um cadete para exercer uma função de exclusiva competência de pilotos de barra e porto de categoria principal, nos termos do Códico Penal e Disciplinar da Marinha Mercante Anónio Saene Manico a sua transgressão resumia-se na “transmissão de licença à outrém sem autorização da autoridade marítima” – a única competente sobre essa matéria; com o agravante de ter sido denunciado como reincidente no tipo de trangressão de que era acusado.