O índice de abortos diminuiu dramaticamente nos últimos 25 anos e alcançou as suas menores taxas históricas em países ricos, mas só teve uma redução modesta em nações em desenvolvimento, de acordo com um estudo global publicado na quarta-feira.
O estudo da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Instituto Guttmacher também revelou que impor leis restritivas afeta pouco os índices de abortos, mas aumenta a probabilidade de obrigar as mulheres a recorrer a métodos arriscados de interrupção da gestação. A pesquisa estimou que, em média, 56 milhões de abortos foram realizados a cada ano entre 2010 e 2014 no mundo inteiro.
As descobertas enfatizam a falta de acesso a métodos de contracepção modernos em países mais pobres, como a pílula, implantes e DIUs, para reduzir as gestações indesejadas, disseram os pesquisadores. “Em países em desenvolvimento… os serviços de planeamento familiar não parecem estar acompanhando o desejo crescente de famílias menores”, disse Gilda Sedgh, que liderou a pesquisa no Instituto Guttmacher dos Estados Unidos da América.
Mais de 80 por cento dos casos de gravidez indesejada são de mulheres que não estão obtendo a contracepção que precisam, afirmou ela, “e muitas gestações indesejadas terminam em aborto”. Gilda disse que, em contraste, a tendência declinante dos índices de abortos em nações mais ricas se deve em grande parte “ao uso crescente de formas modernas de contracepção, que deram às mulheres um controle maior do momento e do número de filhos que desejam”.
Publicado no periódico científico The Lancet, o estudo usou dados sobre abortos de levantamentos de abrangência nacional, estatísticas oficiais e outros estudos publicados e inéditos, assim como informações sobre o nível de necessidade de contracepção que não é atendida e sobre a prevalência de uso da contracepção por tipo de método.
Em seguida os pesquisadores usaram um modelo estatístico para estimar os níveis e tendências da incidência de abortos em todas as maiores regiões e sub regiões do planeta entre 1990 e 2014. Eles descobriram que, nesse período, o índice anual de abortos para cada mil mulheres com idade para conceber filhos (15–44 anos) caiu de 46 para 27 no mundo desenvolvido, sobretudo em resultado de a taxa do leste europeu ter caído para menos da metade em virtude da maior disponibilidade de métodos modernos de contracepção. Já nos países mais pobres ela se manteve virtualmente inalterada, diminuindo de 39 para 37.