Os cientistas da Nasa qualificaram, esta Segunda-feira (6), de “milagre de engenharia” o impecável pouso no Marte da sonda Curiosity, que já começou a enviar imagens duma antiga cratera, como parte da sua missão de descobrir se o Planeta Vermelho já teve condições de abrigar vida.
O jipe-robô, que tem seis rodas e pesa uma tonelada, realizou uma complexa e arriscada operação para entrar na atmosfera marciana e pousar no local escolhido, na madrugada da Ssegunda-feira (6), para alívio e alegria dos cientistas e engenheiros da Nasa.
“Nós nos treinamos durante oito anos para pensar no pior o tempo todo”, disse o engenheiro chefe Miguel San Martín. “Nunca consegues desligar isso.”
Essa é a primeira missão de astrobiologia da Nasa desde o envio da sonda Viking, na década de 1970, e é também o primeiro laboratório analítico completo a operar noutro mundo.
Os engenheiros da Nasa disseram que esse feito foi um dos mais desafiadores e complexos na história dos voos espaciais robóticos e que abrirá as portas para uma nova era da exploração interplanetária.
O presidente norte-americano, Barack Obama, disse que o pouso da Curiosity representa um histórico “ponto de orgulho nacional.”
O pouso é também um marco importante para a agência espacial norte-americana, afectada nos últimos anos por cortes orçamentários e pela recente aposentadoria da sua frota de autocarros espaciais.
Por causa da demora nas comunicações por rádio entre a Terra e Marte, todo o processo de descida e pouso precisou de ser autoguiado, sem a interferência dos técnicos.
Depois duma viagem de oito meses e 566 milhões de quilómetros, a sonda tocou a tênue atmosfera marciana a quase 21 mil quilómetros por hora, 17 vezes a velocidade do som, antes de iniciar a descida controlada.
Para reduzir a sua velocidade, a sonda contou com um paraquedas especial, com uma mala a jato e com um inédito “guindaste aéreo” que auxiliou no pouso, ocorrido na cratera Gale, no hemisfério sul marciano, perto do equador desse planeta.
A Nasa divulgou que o pouso aconteceu às 2h32 da Segunda-feira (6). Momentos depois do pouso, a Curiosity enviou as suas três primeiras imagens do solo marciano. Numa delas, uma roda do veículo e a sombra do jipe apareciam à frente do terreno pedregoso.
O jipe, do tamanho dum carro desportivo pequeno, está agora no fundo da gigantesca cratera Gale, aberta na superfície de Marte pelo impacto dum corpo celeste, e ao lado da imponente montanha rochosa chamada monte Sharp.
Três sondas orbitais monitoraram a descida, que foi apelidada pelos técnicos da Nasa como “sete minutos de terror”. O sucesso do pouso foi recebido com um misto de comemoração e alívio.
“Quando vês uma foto da superfície do planeta com a nave espacial nela, esse é o milagre da engenharia”, disse o cientista-chefe John Grotzinger aos jornalistas, esta Segunda-feira (6).
Com o sol do fim da tarde a pôr-se atrás da beirada da cratera, a Curiosity ainda enviou outras seis fotos, além do resultado dos testes iniciais dos seus 10 instrumentos científicos. Durante a noite marciana, a sonda é desligada.