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Poucas vítimas de abuso sexual queixam-se à Polícia moçambicana

Dos 130 casos de violação sexual registados na última quadra festiva, aos quais a ministra da Saúde, Nazira Abdula, referiu-se com “as mãos à cabeça”, na segunda-feira (04), em Maputo, pelo facto de terem aumentado em 24% e atingido particularmente crianças de zero a 14 anos de idade, apenas seis chegaram ao conhecimento da Polícia da República de Moçambique (PRM), o que pode ser um indício de que, não obstante os apelos estrondosos para que os protagonistas destes actos descritos como hediondos sejam denunciados e punidos, algumas famílias ainda não levam o problema a peito e mal percebem a perigosidade que tal representa na sociedade.

O Comando-Geral da PRM apresentou, na terça-feira (05), o seu habitual informe à imprensa sobre as ocorrências atinentes à ordem, segurança e tranquilidade públicas no país, mas focado somente no período das festas, a par do que fez a titular da pasta da Saúde, 24horas antes. Questionado pelo @Verdade se a Polícia também apercebeu-se do aumento de casos de violações sexuais e acidentes de viação, a ponto de tirarem sono à Nazira Abdula, Inácio Dina, porta-voz da mais alta entidade policial, explicou que os estupros são qualificados como “crimes contra pessoas” e no período em analises houve 38 casos, dos quais só seis é que dizem respeito à cópula forçada.

Segundo o agente da Lei e Ordem, a natureza de delitos relacionados com o abuso sexual tem a ver com o que na gíria policial se chama “cifras negras”, ou seja, casos que acontecem mas por vários motivos não chegam ao conhecimento da PRM.

“A violação sexual é um crime contra a honra”, disse Inácio Dina e ajuntou que as pessoas forçadas a manter cópula “têm receio” e até pudor em apresentarem-se à Polícia “por temer a exposição”, daí que pode ser normal que as unidades sanitárias estejam a par de mais situações similares em relação à Polícia, porque as vitimas optam por não denunciar e buscam apenas o atendimento médico.

Todavia, apelou o porta-voz, para as autoridades policiais estarem ao corrente destes crimes hediondos é necessário que a vitima ou algum familiar se apresente à esquadra mais próxima. Os agentes dispõem de mecanismos próprios para preservar a honra e integridade de quem quer que seja.

A população deve ajudar a Polícia “a levar à barra da justiça” aqueles que desonram as mulheres, sobretudo as crianças, defendeu Inácio Dina, para quem as pessoas deviam sentir-se livres, à vontade e olharem para as esquadras como um mercado que frequentam livremente sempre que têm necessidade de comprar um bem. As unidades policiais não devem ser temidos porque existem para prestar um serviço público.

Enquanto houver receios em denunciar os casos de estupro nas esquadras, a Polícia terá sempre dificuldades para trabalhar no sentido de afastar os violadores do convívio social, disse Dina.

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