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Porto de Nacala é estratégico para África sub-Sahariana: Vale

O porto e a linha de Nacala, ambas as infra-estruturas localizadas na província de Nampula, norte de Moçambique, vão ajudar a desenvolver toda a região da África sub-Sahariana, assevera o presidente da multinacional brasileira “Vale”, Roger Agnelli.

Segundo Agnelli, Nacala significa para toda a África sub-Sahariana uma porta de saída muito importante, para escoar por exemplo a produção dos países vizinhos.

No seu conjunto, ambas as infraestruturas vão “facilitar o desenvolvimento no Malawi e possibilitar o desenvolvimento de outras mineradoras, por exemplo, na Zâmbia. Todo o copperbelt (cinturão do cobre) da República Democrática do Congo poderá escoar a sua produção pelo porto de Nacala.

Por Nacala também podem entrar todos os insumos necessários para a produção”, explicou Agnelli. Refira-se que, a Vale Moçambique e governo malawiano assinaram em meados de Abril, em Lilongwe, capital malawiana, um Memorando de Entendimento para construção de uma linha férrea para o escoamento do carvão de Moatize, em Tete, até ao porto de Nacala, um acto que foi testemunhado pelo Ministro moçambicano dos Transportes e Comunicações, Paulo Zucula.

A linha-férrea, com uma extensão estimada em 900 quilómetros é avaliada em dois biliões de dólares, atravessando o território malawiano, como alternativa para o escoamento do carvão de Moatize.

Questionado pela imprensa se o esfriamento das relações diplomáticas entre o governo moçambicano e malawiano, devido a um litígio sobre a navegabilidade do rio Chire, um dos afluentes do Zambeze, não iria inviabilizar o projecto, Agnelli respondeu negativamente.

“Com relação ao Malawi não existe nenhum problema”, disse o presidente da Vale, explicando que é preciso aproveitar esta oportunidade para acelerar o desenvolvimento de ambos os países. Aliás, disse Agnelli, a cerimónia do início da exploração do carvão de Tete foi testemunhada pelos ministros malawianos das finanças e dos transportes.

“Qualquer problema poderá apenas atrasar o desenvolvimento. Tanto Moçambique como o Malawi estão conscientes que é uma oportunidade boa. A Vale é uma empresa parceira, e uma empresa boa para trazer esse desenvolvimento”, frisou.

A linha-férrea de Nacala, via Malawi, surge devido a limitação da Linha de Sena, que liga a região carbonífera de Moatize ao porto da Beira, na província central de Sofala.

“Este ano a ideia é comercializar 1,2 milhões de toneladas. No próximo ano, a meta é de atingir sete milhões de toneladas, comercializando quatro milhões. O limite está no porto e ferrovias. Por isso, temos que acelerar os investimentos na ferrovia de Moatize até ao porto da Beira, acelerar os projectos em Nacala, porque Nacala vai ser o futuro”, disse.

Desde o arranque do projecto a esta parte, a Vale já investiu cerca de dois biliões de dólares. Contudo, para rentabilizar o seu investimento a multinacional brasileira precisa de atingir um volume de exportação de cerca de 22 milhões de toneladas, algo que deverá acontecer dentro dos próximos quatro a cinco anos. Agnelli foi mais longe ao afirmar que o seu sonho seria atingir 40 milhões de toneladas por ano.

“Agora, o que limita não são as reservas, não é a limitação da capacidade de produção na mina. O que limita são as ferrovias e o porto. Por isso, é fundamental o desenvolvimento de Nacala quanto antes”, disse.

Na ocasião, ele fez questão de advertir que o porto de Nacala não é algo que vai acontecer de imediato, pois ainda serão necessários quatro a cinco anos para a sua conclusão e um investimento total calculado em quatro milhões de dólares. Sobre os potenciais clientes, a Vale espera exportar para a Ásia, China, Médio Oriente e, eventualmente, o Brasil.

“Há mercado. É um mercado bastante positivo para os próximos anos, porque a siderurgia vai ter que produzir para responder ao processo de urbanização na Ásia. É um processo gigantesco. Por isso, durante os próximos anos vamos ter uma demanda de carvão muito forte, do carvão metalúrgico para a produção de aço”, disse Agnelli.

A AIM aproveitou a ocasião para questionar o valor da previsão das receitas do Estado moçambicano resultantes da exploração do carvão. O presidente da Vale escusou-se a responder, limitando-se a afirmar que é muito dinheiro, mas que isso não é muito relevante.

“O mais importante é quanto é que esse projecto gera renda para as pessoas, para os trabalhadores que pagam imposto, que vão ao banco pedir financiamentos, quantas empresas ao redor que começam a facturar e a pagar impostos, algo que se vai reflectir imediatamente nas receitas tanto do distrito, bem como do governo central”, disse.

Ademais, as receitas da exportação do carvão terão um grande impacto na economia moçambicana, cuja balança de pagamentos vai passar de uma situação negativa para positiva. A vale espera arrecadar até o final do corrente ano mais de 200 milhões de dólares na exportação do carvão.

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