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Por onde anda o frango nacional?

Por onde anda o frango nacional?

O frango começa a ser luxo para os moçambicanos, sobretudo para as famílias de baixa renda que, de vez em quando, querem ver aquele bem de consumo como o prato principal, pois nos principais mercados o preço já não é o mesmo desde Janeiro. “Por onde anda o frango congelado nacional?”, questionam os consumidores querendo saber quem põe cobro a isto.

Há pouco mais de três anos, a Associação Moçambicana de Avicultores (AMA) multiplicouse em diversas e sucessivas iniciativas na tentativa de persuadir os consumidores moçambicanos a optarem pelo frango nacional em detrimento do congelado oriundo do Brasil.

Para o efeito, diversos anúncios publicitários foram lançados, no âmbito da campanha “Consuma moçambicano, exporte moçambicano”, nos quais o frango nacional (rechonchudo) superava o de origem brasileira, aparentemente pálido e magro.

Volvido algum tempo, tudo indica que o frango nacional conseguiu “afastar a magricela” do mercado. Contudo, os consumidores queixam-se de que o frango, particularmente o congelado, anda escasso nas arcas frigoríficas dos supermercados e mercados informais espalhados pela cidade de Maputo. Aliás, o que lá existe está a ser comercializado a preços considerados “proibitivos” para o cidadão comum.

Ronda pelos mercados

Numa ronda feita nos principais mercados da capital, a situação é quase idêntica: os preços não são os mesmos de há mais de dois meses variando de mercado para mercado.

No mercado de Xipamanine, o frango congelado custa 190 meticais o quilo, contra os 110 praticados até meados do mês de Fevereiro. Apesar de ter sido comercializado a 95 meticais no mês de Janeiro, o frango vivo é vendido a 130 meticais. “A cada dia que passa o preço do frango está a tornar-se muito caro”, comenta o consumidor José Nguenha, que acrescenta:

“Esta situação tem vindo a acontecer desde o princípio do ano”. “Esta situação está a tornar – se insuportável”, diz Amélia Tambo. A nossa interlocutora referia-se à alta de preços que se verifica nos produtos alimentares – particularmente o frango – e de que está a tirar o chão dos consumidores, principalmente as donas de casa que, de uma maneira geral, andam mesmo revoltadas com o que se está a passar no concernente ao frango e outros produtos de primeira necessidade. “Não sabemos onde iremos parar com esta alta de preços”, desabafa a senhora.

No mercado de Xiquelene, encontrámos a dona Florinda Manjate a consultar os preços do frango vivo, que variam de 120 a 140 meticais. “Afinal, onde está o frango congelado nacional?”, indagou insatisfeita com o actual preço deste bem de consumo. E não ficou por aí: acusou os vendedores de estarem a especular o preço.

Os vendedores afirmam não ter culpa nesta história, uma vez que dependem dos seus fornecedores. “Quando os fornecedores sobem o preço do frango, também nós sentimo-nos obrigados a subir de modo a termos uma margem de lucros”, justifica- se Abílio Francisco, vendedor e proprietário de uma mercearia no Xiquelene.

Neste mercado, o frango congelado é comercializado ao preço de 180 a 200 meticais o quilo, contra os 90 a 100 meticais praticados nos últimos dois meses.

Os supermercados falam-nos dos preços exorbitantes. Normalmente, o consumidor Cândido Munguambe compra 20 quilogramas de frango por mês, mas hoje queixa-se de não poder adquirir a mesma quantidade devido ao preço que considera “astronómico”.

“Há dois ou três meses, com apenas 2500 meticais podia adquirir 20 frangos, dependendo do peso, mas agora com o mesmo valor só posso ter menos que metade daquela quantidade”, afirma.

Nos supermercados de Maputo, os preços do frango congelado, tanto o nacional como o importado, variam entre 190 e 210 meticais o quilo. Nos últimos meses, o frango nacional custa entre 100 e 132, e o importado, vulgarmente conhecido por frango brasileiro, era adquirido a um valor que oscilava entre 90 e 120 meticais o quilo.

A AMA tem a palavra

A Associação Moçambicana de Avicultores reagiu às inquietações dos consumidores, afirmando que os produtores nacionais continuam a disponibilizar no mercado a quantidade que se comprometeu a fornecer e nega que o preço subiu.

“Nós continuamos a produzir e temos as incubadoras cheias, portanto, não há razões para se falar numa eventual escassez”, comenta a representante da AMA acrescentando ainda que “é necessário perceber-se que a cadeia de produção de frango é complexa”.

A AMA diz que “nunca foi contra a importação” de frangos, até porque a associação juntamente com o Governo, através do Ministério da Indústria e Comércio, e os importadores acordam que estes últimos devem cobrir o défice que existe (de cerca de 250 toneladas por mês).

Em 2010, a AMA produziu um pouco mais de 39 mil toneladas de frango e este ano prevê uma produção de 51 mil toneladas.

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