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Ponte é a salvação

Negomano

Negomano é um posto administrativo que dista a 185 quilómetros da vila-sede de Mueda e a cerca de 550 quilómetros de Pemba, capital da província de Cabo Delgado. Os seus habitantes queixam-se que“a região está esquecida porque é considerada fora da mão”.

É exactamente na região de Negomano que está a ser construída a ponte sobre o rio Rovuma, que estabelecerá a ligação entre Moçambique e a Tanzania, um projecto que envolve os governos dos dois países, que querem estar unidos por terra no chamado Corredor de Mtwara, na região da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC).

O nome Negomano (encontraram- se) deve-se ao encontro do rio Lugenda com o Rovuma, este último constitui a linha fronteiriça entre Moçambique e Tanzânia.

 

As longas distâncias fazem com que a região de Negomano seja considerada como “esquecida” do mapa da província de Cabo Delgado, por um lado, e por outro, as precárias condições de transitabilidade da via de acesso limita os agentes económicos a exercerem as suas actividades, que garantiriam a sobrevivência dos seus 2.274 habitantes.

Esta situação faz com que a maioria dos habitantes de Negomano dependa da vizinha Tanzânia, onde adquirem um pouco de tudo para a sua sobrevivência.

Recentemente o nosso Jornal deslocou-se à região de Negomano, tendo abordado o cidadão Pereira Caine, que afirmou que este posto administrativo produz grandes quantidades de gergelim, amendoim e tabaco, entre outras culturas, que constituem a base de sobrevivência dos habitantes.

Contudo, Caine adiantou que internamente os camponeses não conseguem vender os seus produtos agrícolas, devido à falta de transporte, por um lado, e por outro, às precárias condições de acesso.

“Estamos a exportar esses produtos para Tanzânia mas achamos que estamos a perder porque esta exportação é individual e os preços são discutidos também individualmente, mas com a ponte e uma boa estrada, estaremos em condições de escolhermos o mercado que melhores preços oferece”, sublinhou Caine.

Luísa Alimo disse que quando chove há problemas sérios para as pessoas viajarem para a sede do distrito de Mueda, razão pela qual Negomano fica isolado.

Segundo ela, a vizinha Tanzânia tem sido a tábua de salvação, onde os habitantes de Negomano adquirem produtos de primeira necessidade, pese embora haja também problemas de travessia, que é feita por canoas nos diversos pontos.

Para a nossa interlocutora, a construção da ponte sobre o rio Rovuma é bem-vinda. Explicou que facilitará a vida das pessoas tanto de Moçambique como da Tanzânia e não só, se se tiver em conta que a infra-estrutura está localizada no chamado Corredor de Mtwara, na região da SADC.

“É uma boa medida, porque Negomano está esquecido, mas com a ponte, entendo que o Governo de Moçambique deu um salto grande na solução dos problemas do seu povo, sobretudo nós cidadãos de Negomano”.

Cristina Bakar vê o projecto da ponte como uma solução definitiva dos problemas de Negomano, explicando que muitos funcionários e agentes económicos hesitam trabalhar nesta região, porque quando chove ficam sem comunicação por terra.

“Com a ponte naturalmente que muita gente vai gostar de vir trabalhar em Negomano” sustentou, afirmando ainda que “para além de que os transeuntes verão que a nossa região é rica em muitas coisas que podem ser aproveitadas para os seus países e outros locais, mesmo dentro de Moçambique”.

Um líder comunitário, Santos Salimo, disse que está preocupado porque a ponte está a demorar “a conclusão para nossa terra”. Uma vez pronta a ponte, acrescentou, haverá igualmente meios de transporte a circular de e para Tanzânia e vice-versa.

“Assim, estarão a fomentar o desenvolvimento e as nossas condições de vida vão também melhorar… deixaremos de murmurar sobre o elevado custo de vida que enfrentamos no quotidiano”, sublinhou o nosso entrevistado.

Outro cidadão de Negomano, Salimo Omar, referiu que “agradecemos muito ao Governo por ter concebido a construção da ponte sobre o rio Rovuma, porque hoje para atravessarmos, enfrentamos imensas dificuldades”.

Para além disso, acrescentou, que com a ponte erguida, o Executivo de Moçambique vai melhorar as condições de transitabilidade da estrada e isso vai permitir que, por exemplo, haja implementação de várias actividades, como a vacinação de crianças que “não conhecem o que é uma vacina”.

 

Isolamento

 

O chefe do posto administrativo de Negomano, Mário Oreste Muancuto, afirmou que o projecto da ponte sobre o rio Rovuma é bemvindo, argumentando que vai permitir que a região sob a sua jurisdição saía do isolamento a que está votada.

Segundo o interlocutor, a estrada que dá acesso àquela região constitui uma dor de cabeça, se se atender ao estado de conservação que actualmente apresenta. Na época chuvosa a transitabilidade torna-se cada vez mais complicada para os automobilistas e, consequentemente, Negomano fica sem comunicação por terra.

“A situação tem sufocado a vida normal dos habitantes daqui”, reconheceu o chefe do posto administrativo de Negomano, o qual afirmou que a tábua de salvação tem sido a vizinha Tanzânia, onde os cidadãos recorrem para a aquisição de produtos de primeira necessidade.

“Basta chover para ficarmos cortados de acesso, por isso dependemos da Tanzânia, porque o posto administrativo não é auto-suficiente, em termos alimentares”.

A fonte apontou dois cursos naturais de água que constituem entrave na época chuvosa porque não possuem pontes, nomeadamente os rios Lipalanganga e Chiducuto.

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