A polícia sul-africana disparou gás lacrimogêneo e balas de borracha neste sábado contra manifestantes que lançavam coquetéis molotov após uma marcha em uma mina da Anglo American Platinum tornar-se violenta, no mais recente sinal dos cada vez mais acirrados conflitos trabalhistas locais.
A principal economia da África está sob crescente pressão para melhorar as relações industriais. Quase 100 mil trabalhadores, principalmente de mineração, têm empreendido greves –muitas vezes ilegais e violentas– desde agosto, corroendo a confiança dos investidores e o crescimento já abalado do país.
Cerca de 1.000 manifestantes reuniram-se na noite da sexta-feira(12) num bairro de lata perto de Rustenburg, 120 quilómetros a noroeste de Johanesburgo, e marcharam em direção à mina de Khomanani, da Angloplatinum, afirmou o Departamento de Polícia sul-africano em comunicado. “Gás lacrimogêneo e balas de borracha foram usados para dispersar o grupo, com excesso de zelo”, disse o departamento. A multidão respondeu com coquetéis molotov, danificando um veículo da polícia, completou a força de segurança. Não houve relatos de feridos e quatro pessoas foram presas.
Líderes da greve na mina Khomanani e de outras reuniram-se neste sábado para discutir uma estratégia ao conflito. “Todas as minas que você conhece estão em greve, seus líderes (das greves) estão aqui”, afirmou o líder trabalhista Evans Ramokga à Reuters. “Nesse momento, nós estamos falando sobre o caminho a seguir… Não temos medo de demissões”, acrescentou.
Mais de 50 pessoas foram mortas em conflitos trabalhistas nos últimos dois meses, incluindo 34 a tiros pela polícia na mina de platina de Marikana, da Lonmin, em 16 de agosto, no incidente de segurança com mais vítimas fatais desde o fim do apartheid.
IMPALA
Centenas de mineiros também marcharam neste sábado rumo à sede da Impala Platinum, segunda maior produtora de platina do mundo, em Johanesburgo, para entregar uma lista de exigências à empresa. “Estamos aqui, estamos na Impala”, confirmou o porta-voz da União Nacional dos Mineiros sul-africanos, Lesiba Seshoka, à Reuters por telefone, enquanto ativistas aplaudiam e cantavam ao fundo.
Seshoka contabilizou o número de manifestantes em 2.000, mas a empresa disse que eram perto de 400. Um porta-voz patronal afirmou que as demandas do sindicato não eram relacionadas a salário e tinham a ver com outras questões contratuais.
