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Polícia de Hong Kong retira manifestantes pró-democracia e desmonta acampamento

Hong Kong liberou a maior parte do local dos protestos pró-democracia, esta quinta-feira (11), e deteve alguns manifestantes, marcando o fim dos mais de dois meses de manifestações de rua que bloquearam vias importantes da cidade controlada pela China.

Muitos activistas preferiram deixar pacificamente o local no Almirantado, próximo de edifícios do governo e do centro financeiro, apesar de as suas exigências de voto livre não terem sido atendidas. Mas o clima geral era de desafio, e os manifestantes entoavam: “voltaremos”.

Grupos de cerca de quatro policiais prenderam um por um os últimos manifestantes horas depois de os trabalhadores usarem tesouras para remover as barricadas e desmontar andaimes de bambu.

Martin Lee, um dos fundadores da principal legenda de oposição, o Partido Democrático, o líder estudantil Nathan Law, o magnata da mídia Jimmy Lai e parlamentares estavam entre os presos.

Os protestos maioritariamente pacíficos representaram um dos maiores desafios à autoridade chinesa desde as manifestações pró-democracia de 1989 e da repressão sangrenta dentro e nos arredores da Praça da Paz Celestial, em Pequim.

Centenas de policiais revistaram outras partes do Almirantado, verificando barracas antes de levá-las embora, assim como barreiras de metal, capas plásticas e guarda-chuvas, que os activistas usaram durante os confrontos para protegerem-se dos sprays de piri-oiri e dos golpes de cacetete.

Uma cabeça decapitada do presidente chinês, Xi Jinping, feita de papelão foi posta diante de uma fileira de policiais. “O movimento foi surreal. Ninguém sabia que podia durar mais de dois meses… num lugar onde o tempo e o dinheiro são o mais importante”, disse o manifestante Javis Luk, de 27 anos.

Houve pouca resistência. Os manifestantes embalaram travesseiros, cobertores e outros pertences nas suas tendas, montadas numa das áreas de maior valor imobiliário do mundo, e abandonaram o local. Alguns manifestantes desdenharam dos alertas da polícia, gritando os seus próprios para o questionado líder de Hong Kong, Leung Chun-ying.

“Este é o último alerta para CY Leung! Mostre a cara, CY Leung”, gritaram. Lai afirmou que seria ingenuidade achar que 75 dias de protestos bastariam para ter as suas demandas satisfeitas. “Não somos tão ingênuos”, disse ele à rede de televisão CNN antes de ser preso. “Sabemos que haverá muitas batalhas antes de vencermos esta guerra”.

As manifestações exigem indicações livres para a próxima eleição do chefe-executivo, como é conhecido o líder local, em 2017. Pequim declarou que irá permitir a votação em 2017, mas só com candidatos previamente escolhidos. Os protestos atraíram bem mais de 100 mil pessoas no seu auge, e os estudantes deram vazão à sua revolta diante da recusa chinesa de ceder nas reformas eleitorais.

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