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Polícia condena a atitude dos agentes que mataram camionista em Tete e há casos semelhantes que continuam sem esclarecimento

Os agentes da polícia de trânsito e de protecção, alegadamente não identificados, que balearam mortalmente um camionista e feriram a sua acompanhante, no fim-de-semana, no posto de controlo de Caundje, no distrito de Moatize, em Tete, por suposta tentativa de fuga após envolver-se num acidente de viação, demonstraram uma atitude condenável e ignoram que a sua tarefa não é matar cidadãos indefesos, mas, sim, evitar os crimes e manter a ondem, segundo Inácio Dina, porta-voz do Comando-Geral da Polícia da República de Moçambique (PRM), que, entretanto, não esclareceu a tantas famílias o que levou à morte precoce dos seus membros, vítimas de balas reais disparadas por quem devia protegê-los.

Enquanto isso, em Manjacaze, na província de Gaza, certos cidadãos entraram em desavenças, o que gerou uma controvérsia entre eles e a Polícia. Na circunstância, houve troca de palavras e pancadaria, facto que, infelizmente, culminou com o ferimento grave e internamento de um jovem vítima de maus-tratos nas mãos de membros da PRM.

Inácio Dina disse que por conta destas duas tragédias, mormente, a ordem, segurança e tranquilidade públicas foram manchadas.

Luís Núdia, porta-voz da PRM em Tete, disse à Rádio Moçambique, o motorista foi atingido com cinco balas no tórax e houve excesso de zelo por parte dos membros da polícia.

Aparentemente agastado com o acto dos seus colega, Luís Núdia disse àquela estação radiofónica pública que a direcção do comando da PRM está no terreno para averiguar o que levou os policiais a dispararem “balas verdadeiras para o automobilista”, que “já tinha abandonado a viatura e estava a correr com os seus próprios pés. Para a corporação, o facto de ter sido abandonada a viatura, era suficiente para podermos procurar saber a empresa e o motorista que tinha sido confiada a viatura”.

Entretanto, Inácio Dina, pese embora reconheça a gravidade deste problema, mostrou-se reticente em relação ao número de tiros contra a vítima e duvidou da possibilidade de tal ter acontecido.

Segundo a sua alocução, o edil de Moatize estava nas imediações e, acompanhado por outras pessoas que se faziam transportar em cincos viaturas, perseguiu o camionista – que ao longo do trajecto ziguezagueava –até um posto de controlo onde foi possível alertar as autoridades sobre o que se passava.

Mesmo diante das autoridades da Lei e Ordem, o condutor, ora morto, tentou continuar a fuga e protagonizou “cinco acidentes de viação. Chegado ao posto de controlo ele não obedeceu ao sinal de paragem e continuou por cerca de 20 quilómetros”, narrou Dina, acrescentando que o camião recuou quando se fez uma subida. Nesse instante, a vítima desceu da viatura, tendo sido atingido por um dos disparos que visam contê-lo. “Pelo cenário não era possível atirar cinco vezes no peito”.

Para todos os efeito, anotou Dina, há que “reprovar a atitude” dos agentes da lei e ordem e “não é apanágio” da Polícia “atirar contra pessoas indefesas”. Esta postura “é condenável”, sobretudo num período de festas. “O nível de actuação que houve não é dos desejáveis, é condenável e o papel da Polícia é evitar que situações criminosas aconteçam”.

Devido a esta “imperícia dos agentes policiais e falta de destreza”, uma equipa de quadro seniores da Contra Inteligência e da Polícia de Investigação Criminal (PIC) foi destacada para Moatize e Macuacua no sentido de apurar o que se passou a ponto de gente com a tarefa de garantir a ordem, segurança e tranquilidade públicas actuassem de uma forma do consubstancia excesso de zelo e uso abusivo da força. “Queríamos apelar à população para que não vergasse” e continuasse a denunciar actos de desordem, incluindo os perpetrados pelas autoridades policiais.

Algumas mortes não esclarecidas

Excedem dos dedos da palma da mão as vezes em que elementos da PRM balearam propositadamente contra cidadãos indefesos ao longo do ano prestes a findar. A par do que tem acontecido relativamente a outros casos, nenhum acontecimentos foi esclarecido e não se sabe se os protagonistas foram ou não responsabilizados pela sua má conduta.

A 12 de Março, por exemplo, um agente da PRM no Niassa baleou cinco cidadãos, tendo ferido quatro e morto um, quando alegadamente estava a manter a ordem, numa altura em que populares protestavam contra a cobrança do imposto de bicicleta.

A 11 de Abril, um cidadão identificado pelo nome de Tchitcho, de 22 anos de idade, foi baleado mortalmente por um agente da PIC, no bairro de Namicopo, cidade de Nampula. Amigos e familiares da vítima revoltaram-se e saíram à rua exigindo justiça.

As autoridades chamaram a Polícia anti-motim, que usou gás lacrimogéneo e balas de borracha para dispersar os populares que se dirigiram à esquadra local exigindo a cabeça de quem fez o disparo mortal. O finado foi abordado numa manhã de sábado, quando se encontrava com amigos na rua Dom Manuel Vieira Pinto, por dois agentes da PIC, à paisana, que, exibindo um mandato, pretendiam detê-lo sob uma acusação que não foi possível apurar.

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