Os policias britânicos que investigam supostos abusos sexuais cometidos por um famoso apresentador disseram, Quinta-feira (25), que cerca de 300 vítimas já se apresentaram, e que eles preparam-se para efectuar prisões, num escândalo que abalou a tradicional emissora pública.
Os detectives dizem-se perplexos com o número de pessoas que se apresentaram nas três semanas desde que os crimes do apresentador Jimmy Savile começaram a ser revelados.
Savile morreu em 2011, aos 84 anos. O chefe do órgão gestor da BBC qualificou as acusações como um “tsunami de sujidade”, e a polícia disse que “sem dúvida” Savile foi um dos mais contumazes criminosos sexuais da história britânica.
“É bastante assustador”, disse o chefe do inquérito policial, comandante Peter Spindler. Após ouvirem 130 supostas vítimas, os agentes registaram 114 relatos de agressão sexual ligados a funcionários da BBC, sendo que na maioria dos casos o agressor foi identificado como Savile.
As denúncias, apresentadas inicialmente pela emissora concorrente ITV, abalaram a BBC, e o seu executivo-chefe, George Entwistle, admitiu que a emissora foi fortemente atingida.
O caso teve grande repercussão também nos EUA, onde Mark Thompson, ex-executivo-chefe da BBC, está prestes a assumir o comando da empresa que edita o jornal The New York Times.
Quarta-feira (24), advogados de 30 supostas vítimas disseram à Reuters que os seus clientes relataram o envolvimento de outras celebridades, e que algumas contaram ter sofrido abusos nas próprias dependências da BBC.
Spindler disse que uma “estratégia de prisões” está a ser preparada, mas que os suspeitos ainda não podem ser identificados, nem mesmo se também trabalhavam na BBC. “Temos várias outras pessoas que podemos investigar.”
Entwistle, que assumiu o cargo em Setembro, compareceu, esta semana, a uma comissão parlamentar para explicar por que a BBC arquivou uma investigação própria logo depois da morte de Savile.
Um parlamentar qualificou de “lamentável” o depoimento dele e o executivo tem sido criticado de forma geral pela maneira como está a lidar com uma das piores crises da corporação nos seus 90 anos de história.
O primeiro-ministro David Cameron disse que a BBC, financiada com uma taxa paga por todos os lares com TV em cores, tem sérias questões a responder.
