O Programa Mundial de Alimentação (PMA) vai entregar, até ao final do ano em curso, um total de 300 celeiros melhorados as associações de camponeses das províncias do centro e norte de Moçambique, no âmbito do programa conjunto a ser desenvolvido pelas Nações Unidas.
O programa, válido para o biénio 2008/09, envolve três agências das Nações Unidas, nomeadamente o PMA, a Organização para Agricultura e Alimentação (FAO) e o Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola (IFAD), e visa aumentar as receitas dos camponeses nas zonas rurais e melhorar os seus padrões de vida.
Denominado Cadeia de Valores dos Produtos e Ligações de Mercado para as Associações de Camponeses, o programa tem como enfoque oferecer uma oportunidade de mercado viável aos produtores através da compra local, bem como acrescentar valor à produção através da provisão de infra-estruturas. Desta feita, o PMA convidou recentemente jornalistas de vários órgãos de comunicação social para uma visita de campo nas províncias de Nampula e Zambézia (norte e centro), com propósito de mostrar as actividades que as associações de camponeses estão a desenvolver no âmbito do programa.
As actividades das associações naqueles pontos do pais estão inseridas na iniciativa Compras para o Progresso (P4P), que contempla igualmente as províncias de Manica, Sofala e Tete, que visa garantir que a assistência do PMA seja parte de uma solução duradoira para o desafio da fome. O programa visa ainda, entre outros objectivos, aumentar a qualidade de cereais e feijões comprada pelo PMA directamente das organizações de camponeses e produtores de pequena escala, com vista a aumentar a capacidade de produção e comercialização dos produtores.
As visitas de campo tiveram o seu epicentro no Posto Administrativo de Netia, distrito de Monapo, a 110 quilómetros da cidade de Nampula, e o distrito de Alto Molócuè, a cerca de 400 quilómetros da cidade de Quelimane, capital provincial da Zambézia. As associações de Netia congregam um total de 530 membros e as de Alto Molócuè juntam mais de 200 camponeses e ambas trabalham com a Ikuro e a Visão Mundial, respectivamente responsáveis pela capacitação dos agricultores e ligação com o mercado.
Nos dois locais seleccionados para a visita, os jornalistas inteiraram-se dos processos que as associações de camponeses, legalmente constituídas, estão a desenvolver com vista a melhorar qualitativamente a sua produção até a entrega final pelo fórum ao comprador, neste caso o PMA. Os membros das associações usam técnicas manuais que consistem no uso de um instrumento de rede para separar os grãos de milho vermelho não aceite pelo PMA do milho branco e amarelo.
O processo, embora muito trabalhoso, permite, no entanto, aos camponeses fechar o dia de trabalho com um total de sete toneladas. O processo de separação qualitativa é o mesmo para as outras culturas como o feijão, amendoim, gergelim e outros cereais cultivados pelos camponeses associados. Após a separação, os grãos de melhor qualidade são depositados em sacos de 50 quilogramas nos armazéns e seguidamente fumigados contra toxinas. Findo o período estabelecido para o efeito, retira-se uma amostra que é levada ao laboratório para análise de aflatoxinas.
Aliás, sem esta análise, o produto não tem acesso ao mercado internacional e o PMA, guiado pelos padrões do mercado externo, exige das associações produtoras o respeito as medidas fitossanitárias. Depois de obter os resultados, a resposta das análises é devolvida aos fora, certificando o produto como aconselhável para o consumo no mercado moçambicano ou a exportação.
Cláudia Santos, oficial da iniciativa P4P e ponto focal do programa conjunto, que coordenou a visita aos centros de produção, disse que o programa, avaliado em 3.5 milhões de dólares e contemplando várias actividades, incluindo a formação, vai adquirir 22 mil toneladas de cereais ao longo dos próximos cinco anos.
No ano em curso, tenciona comprar 2.384 toneladas de milho e feijão das associações baseadas nas províncias de Nampula e Zambézia.