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Plano de reactivação das usinas nucleares irrita japoneses

As medidas tomadas pelo Japão para reactivar as suas usinas nucleares, submetendo-as a testes de estresse e planejando que elas operem por 60 anos, causaram indignação na opinião pública local, que passou a encarar a energia atômica com receio depois do acidente na usina de Fukushima, em Março de 2011.

Num tipo de protesto raro no país, os cidadãos adiaram, durante horas, uma audiência no Ministério do Comércio, Quarta-feira, em que a Agência de Segurança Nuclear e Industrial apresentaria, a especialistas, as suas primeiras análises sobre os testes de estresse feitos em dois reactores da usina de Ohi, na localidade de Fukui.

A agência disse no relatório preliminar que os testes mostraram que os reactores eram capazes de suportar um choque semelhante ao sofrido pela usina de Fukushima, atingida por um terremoto de magnitude 9,0 e por um subsequente tsunami.

Os manifestantes exigiram ter acesso à deliberação dos especialistas e questionaram a imparcialidade deles. Todos os 54 reactores nucleares japoneses foram desligados depois do acidente de Fukushima, privando o país duma importante fonte energética.

Depois dos testes de estresse, o governo nacional ainda precisará de receber autorização dos governos locais da regiões onde estão as usinas, para religar os reactores. Mas vários desses governos locais dizem que os testes de estresse não são suficientes, e alguns solicitam que as conclusões relacionadas ao desastre de Fukushima também deveriam ser consideradas.

“Para que os temores locais quanto à reactivação dos reactores sejam afastados, seria importante que o governo viesse com um conjunto abrangente de padrões de segurança e medidas baseadas em informações do acidente de Fukushima”, disse o prefeito da cidade de Ohi, Shinobu Tokioka.

O governo e o Parlamento realizam investigações paralelas sobre o desastre, mas só devem concluí-las nos meados deste ano. Algumas comunidades querem a desactivação definitiva dos reactores, apesar dos benefícios financeiros que eles trazem.

“Os testes de estresse não resolvem nada. O povo de Fukui não pode aceitá-los”, disse Takatoshi Yamazaki, líder dum grupo comunitário que pede a desactivação definitiva dos reactores nucleares da região.

Segundo Yamazaki, os reactores de Fukui estão velhos demais para operarem.  Esta semana, o governo decidiu prorrogar em 20 anos o prazo de funcionamento dos reactores japoneses, que anteriormente era de 40 anos.

Essa decisão também causou indignação nas comunidades onde há usinas. O prefeito da localidade de Tokai, Tatsuya Murakami, cidade da prefeitura de Ibaraki, disse à emissora pública NHK que a prorrogação por 20 anos invalida a substância da proposta original.

A governadora da prefeitura de Shiga, Yukiko Kada, também disse que a autorização para o funcionamento das usinas por um período de 60 anos causará preocupação à população quanto às medidas de segurança nuclear.

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