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Phire expõe os seus Desafios

Phire expõe os seus Desafios

Encerra amanhã, 24 de Agosto, no Núcleo de Arte, e chama-se Desafios II. É uma exposição de artes visuais – nas modalidades de pintura, gravura e fotografia – do artista plástico moçambicano, António Joaquim Macuácua, ou simplesmente Phire, que, há 15 anos, reside na Inglaterra. Em parte, as obras narram as múltiplas facetas da vivência e experiência do criador.

Phire é artista plástico, mas também é docente, treinador de futebol e educador de menores. E se lhe pedirmos para narrar a história da sua mostra, patente na Associação Núcleo de Arte, em Maputo, certamente, não contornará essas influências.

“Eu sou moçambicano e durante o tempo em que vivi aqui realizei uma série de mostras até que passei a viver na Inglaterra. Esta mostra, com o título Desafio II, deve-se ao facto de eu ter quatro profissões. Então, para mim, o desenvolvimento da actividade artística é uma prática que acaba por se impor como um desafio por causa da necessidade de eu ter de gerir o tempo na execução de todas as actividades que tenho”.

A exposição associa três tipos de telas em torno das quais o pendor artístico de Phire é expressa. Por exemplo, na fotografia temos um artista completamente diferente do que encontramos na pintura e na gravura.

“A minha inspiração advém do puro gosto de fazer arte em cada uma das modalidades. Por exemplo, por causa da fotografia, eu não consigo andar sem a máquina fotográfica. Em relação à gravura o mesmo acontece porque sempre ando com as minhas ferramentas básicas de trabalho”.

A pintura é a forma de arte mais relaxante na medida em que o artista pratica-a na sua residência, num espaço mais solitário. “É um pouco difícil descrever os momentos de inspiração e produção em cada uma das formas de arte”.

No conjunto das fotografias, também existe um Caminho da Sorte – uma obra com o mesmo título – que é uma espécie de trilho que encanta quem o vê ou percorre.

“Essa foto foi captada numa mata na cidade de Londres, num parque que eu nem conhecia”. Aliás, “uma das coisas que gosto de fazer é andar no campo. Talvez isso se relacione com o facto de eu ter várias profissões, uma das quais é trabalhar com as crianças. Temos visitado parques e locais das zonas rurais, onde praticamos futebol. Então, a minha ligação com a natureza intensifica-se assim”.

Uma gingona

Entre as pinturas expostas na galeria do Núcleo de Arte existe uma colecção de quadros com o título Gingona. Trata-se, no final, de obras que narram histórias infelizes de uma mulher bela que, por falta de instrução, acabou por se desencaminhar. As obras revelam ainda a afeição do autor em relação ao sexo oposto.

“Eu nasci na província de Gaza, no distrito da Manjacaze, e lá havia uma miúda muito gira de tal sorte que todos os rapazes estimavam a sua companhia. O problema é que ela não era muito amigável. Por isso, como quando uma mulher se mostra apática em relação aos rapazes, eles chamam-na nomes, eu considerei-a gingona. Na realidade essa mulher existiu. Infelizmente, ela acabou por ter um final infeliz na velhice. Então essas obras reflectem uma história que eu vivi”.

O que é que aconteceu com a gingona? “Ela era uma mulher bonita que nasceu numa zona rural. Foi educada e cresceu no mesmo local. Infelizmente, não ela teve um alto grau de instrução. Em resultado disso, quando passou a viver na cidade, onde queria melhorar a sua condição social, enfrentou dificuldades, tendo sido explorada por homens. Caiu nas malhas de um homem mau”.

Arte africana na Europa

Falando sobre a sua vivência na Europa, Phire explica que “na Inglaterra o movimento artístico é muito dinâmico”. De qualquer modo, “eu nunca abandonei a experiência de um artista moçambicano/africano que trabalha no meio de dificuldades. Quando comparada com o que acontece em Moçambique, na Inglaterra a produção artística é facilitada a partir do acesso ao material”.

“No nosso país, aprendi a pintar no chão, o que na Inglaterra não se faz. É primordial que as pessoas tenham o material adequado para pintar. Então, sinto-me privilegiado por ter a experiência de um artista moçambicano que trabalha na Inglaterra”.

Phire explica que naquele país ocidental a pintura africana é muito consumida, sendo muito bem-sucedida. Mas, havendo ou não influências, “eu continuou a manter as minhas raízes de artista moçambicano”.

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