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Petróleo das Malvinas reaviva tensão entre Argentina e Reino Unido

O iminente início das explorações de petróleo pelos britânicos em águas próximas às ilhas Malvinas reavivou esta semana a tensão entre a Argentina e o Reino Unido, 28 anos depois da guerra travada entre os dois países por esse arquipélago do Atlântico Sul.

Londres tentou minimizar o “protesto enérgico” do governo argentino pela licitação de áreas das bacias marítimas adjacentes às ilhas, mas o jornal Financial Times indicou que o governo britânico estaria preocupado que a tensão possa gerar um novo confronto militar. “Gordon Brown se mantém firme de que é preciso permitir a perfuração exploratória das águas em torno das ilhas, mas está preocupado em assegurar que não haverá uma escalada na disputa com Buenos Aires que leve a um confronto militar”, afirmou na quinta-feira o diário britânico sem citar suas fontes.

A disputa pela soberania das Malvinas levou a uma guerra entre Argentina e Reino Unido, em 1982, que terminou com a derrota do país sul-americano, que na época era governado por uma ditadura militar, com um registro de 649 argentinos e 255 britânicos mortos após 74 dias de combates. O jornal indica, no entanto, que os diplomatas que cita anonimamente “negaram-se a comentar se o Reino Unido estaria planejando enviar forças militares à região para assegurar que a Argentina não interfira” em seus planos, e disseram também que havia “poucas expectativas de ação militar direta da Argentina”.

Mencionaram, em troca, a possibilidade de os argentinos “tentarem perturbar a passagem para a plataforma utilizando embarcações civis”. Consultado a respeito, o Ministério das Relações Exteriores britânico considerou que “a Argentina é um sócio importante para o Reino Unido”. “Temos uma relação próxima e produtiva em uma variedade de temas bilaterais e multilaterais”, declarou um porta-voz.

Na nota entregue ao encarregado de negócios britânico em Buenos Aires, o governo argentino responsabilizou o Reino Unido pelo descumprimento das resoluções da ONU que instam ambos os governos a “retomarem as negociações pela soberania” e a “evitarem realizar modificações unilaterais”, mas sem fazer referência a eventuais ações caso a exploração fosse iniciada.

Londres alega que o governo das ilhas, chamadas pelos britânicos de Falklands, “tem o direito de desenvolver uma indústria de hidrocarbonetos em suas águas”, indicou o Foreign Office, que lembra que o Reino Unido “não tem dúvidas” acerca de sua soberania sobre esse arquipélago do Atlântico Sul e as zonas marítimas que a cercam.

As companhias britânicas Desire Petroleum e Rockhopper Exploration venceram as licitações para perfurar quatro e dois poços, respectivamente, na bacia norte das Malvinas, indicou um porta-voz. A exploração de hidrocarbonetos na bacia das Malvinas já gerou outros protestos no passado, e em 2007 o governo argentino deu por terminada a Declaração Conjunta assinada em 1995 para a cooperação na exploração de gás e petróleo na região em disputa.

O novo protesto ocorre duas semanas depois de outro atrito entre ambas as nações pela queixa formal da Grã-Bretanha contra uma lei argentina recentemente sancionada que considera as Malvinas parte da província da Terra do Fogo.

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