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Pescadores viram agricultores devido as mudanças climáticas

As mudanças climáticas actualmente em curso em Moçambique e no resto do mundo estão a forçar migração dos ilhéus do distrito de Machanga, sul da província de Sofala, para o continente à busca de terras férteis para a prática de agricultura, devido a redução da quantidade de peixe que era a sua principal fonte para a sua sobrevivência.

Segundo os antigos residentes de Chiloane, Nhagosso e de outras das regiões insulares que se estão a transferir para o continente, sobretudo para as áreas de Divinhe, Mutambanhe e outras propícias para o cultivo de cereais, a pesca já não compensa para o seu sustento. Citados pelo jornal “Noticias”, os residentes daquelas regiões afirmam que esta situação e’ exacerbada pela destruição de mangais que afecta negativamente a procriação da fauna marítima.

Fernando Chinbuia, director dos Serviços Distritais de Actividades Económicas, disse que, por isso, para a presente campanha foram planificados cerca de 26 mil hectares com uma produção prevista de 41 mil toneladas de culturas diversas. Desta área, segundo Chinbuia, parte significativa pertence aos camponeses oriundos de algumas ilhas ao longo do distrito, que deverão semear culturas tais como meixoeira e milho, dado que agora é o pico das chuvas.

Para o efeito, foram disponibilizadas três toneladas de sementes de milho, cinco de arroz e igual quantidade de mapira que foram entregues aos provedores para que possam vender a preços subsidiados. Uma nova variedade de arroz está em experiência devido ao facto de o distrito ser de pouca precipitação e semi-árido.

“Nesta campanha vamos aumentar as áreas de cultivo de milho e arroz, porque há centenas de famílias que estão a transferir-se das ilhas para o continente para a produção agrícola, uma vez que a pesca, que era a base do seu sustento, já não garante a sobrevivência familiar’’, sublinhou Chimbuia. Apontou as regiões insulares de Chiloane e Nhagosso, entre outras, como sendo as que registam um maior êxodo de residentes para o continente, sobretudo para as áreas de Divinhe e Mutambanhe para o cultivo de cereais.

“Agora já existe um grande número de pescadores para além da introdução de artes nocivas à pesca, bem como a situação das mudanças climáticas, o que faz com que o pescado seja escasso e, consequentemente, leve a que a captura seja diminuta’’, disse. Segundo o director, os ilhéus, actualmente encaram a pesca apenas como um complemento para cobrir algumas despesas domésticas, enquanto que a produção agrícola passou a base para a sua sobrevivência.

Na campanha finda, o distrito havia planificado cerca de 22 mil hectares terras para a agricultura, mas foram preparados 24 mil, com tendência crescente. No distrito de Machanga, as regiões de Mutambanhe, no posto administrativo de Divinhe, e na sede distrital são as que mais produzem o arroz, estando agora as autoridades locais a monitorar para avaliar o seu grau poder germinativo. A mapira, de ciclo curto, regista uma redução comparativamente ao milho e arroz.

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