A albufeira de Chicamba, um dos maiores lagos artificiais de Moçambique e que constitui o principal centro pesqueiro da província central de Manica, apresenta, neste momento, sinais evidentes de poluição por mercúrio das suas águas, na sequência da intensa actividade de mineração ilegal de ouro que está a ser desencadeada a montante, pelos garimpeiros espalhados um pouco por todo o distrito de Manica.
O facto foi trazido de volta ribalta há dias pelo Engenheiro Sérgio Sacama, director da Barragem Hidroeléctrica de Chicamba, o qual revelou que a presença de mercúrio nas águas daquele curso hídrico é evidente, de tal forma que já começou a criar problemas à estrutura do empreendimento, entre os quais, a oxidação do equipamento devido à contaminação das águas da albufeira por aqueles produtos químicos.
Dados apurados pelo “Noticias” durante a visita efectuada, recentemente, pela governadora de Manica, Ana Comoane, àquele empreendimento, indicam que o garimpo continua a ser feito sem a observância das normas básicas do ponto de vista ambiental, sendo que o ouro continua a ser lavado nos rios, com o recurso ao mercúrio.
Neste contexto, segundo Sérgio Sacama, o mercúrio está presente na albufeira e evidencia-se com a oxidação das máquinas da hidroeléctrica, em resultado da actividade de mineradores artesanais, não obstante os resultados dos recentes estudos ter apontado haver muito baixo teor de contaminação com aquele produto nocivo à saúde humana.
A albufeira de Chicamba recebe as águas dos rios Révuè, Messica e afluentes.
Com esta contaminação, ambientalistas antevêem um futuro sombrio à albufeira e dizem que, se o problema não for controlado a tempo, poderá representar o maior desastre ecológico e ambiental de que há memória na província.
Estão em perigo de contaminação com o mercúrio, os recursos hídricos e pesqueiros que abundam na Albufeira, entre os quais o famoso e saboroso peixe tilápia.
Por outro lado, o maior sistema de abastecimento de água de Chicamba tem aquela albufeira como fonte de captação do precioso líquido para as cidades de Chimoio, Manica e as vilas de Gondola, Messica, entre outros aglomerados rurais e urbanos.