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Pensões não combatem a pobreza – Guebuza

O Presidente moçambicano, Armando Guebuza, manifestou, sexta-feira, a sua preocupação com o facto de muitos cidadãos em idade activa estarem mais preocupados em reivindicar pensões, ao invés de se dedicarem ao trabalho.

Falando num comício popular que orientou no Posto Administrativo de Campo, distrito de Mopeia, no primeiro dia da governação aberta e inclusiva à província central da Zambézia, Guebuza frisou que “as pensões, por mais altas que sejam, não vão resolver o problema da pobreza”.

Segundo o Presidente, o trabalho e’ única forma de acabar com a pobreza, reiterando que os jovens não podem deixar de trabalhar e ficarem a espera de reivindicarem pensões.

”Vamos trabalhar para vencermos a pobreza”, disse repetidamente o estadista moçambicano. Guebuza assim se expressou momentos depois de alguns populares terem reivindicado um estatuto que os habilite a receber pensões.

Cândido de Álvaro, um dos jovens que reivindicou pensões, disse ter sido membro de um grupo paramilitar denominado “naparamas”, alegando que ele combateu ao lado do exército governamental durante a guerra dos 16 anos, nas províncias da Zambézia e Nampula, centro e norte de Moçambique respectivamente.

Álvaro, que era portador de uma carta, disse, no comício, que tudo começou quando o Ministro dos Combatentes teria, alegadamente, afirmado que os “naparamas” não seriam incluídos no novo Estatuto do Combatente.

“A minha preocupação é saber a quem apresentar esta reclamação”, disse, para de seguida acrescentar que o último levantamento por eles feito apontava para a existência de 22 mil “naparamas”.

Minutos mais tarde, Álvaro explicou a imprensa que eles combatiam com zagaias, arco e flecha, catanas e outro tipo de armas, depois de “vacinados tradicionalmente” o que fez com que assaltassem, com sucesso, as bases do ex-movimento rebelde, a Renamo, tendo capturado e entregue ao exército governamental um alto comandante da Renamo e material de guerra.

Num outro desenvolvimento, o Presidente da República indicou que a independência, para a qual os moçambicanos lutaram e conquistaram, e mesmo a paz que se alcançou depois de 16 anos de guerra tinha como objectivo dar espaço a todos os cidadãos para trabalharem a terra livremente.

Durante o comício, Guebuza voltou a lançar uma forte mensagem de valorização da paz, afirmando que não é destruindo que se constrói.

“Destruir-se o que se conquistou é grosseira falta de respeito para com o povo”, declarou o Presidente, acrescentando “queremos que as nossas crianças nunca vivam num ambiente de guerra”. “Tudo agora depende de nós porque a terra pertence aos moçambicanos”, frisou.

Para Guebuza, antes da independência os moçambicanos não tinham o direito de explorarem livremente a sua própria terra porque haviam os que mandavam e não se interessavam em melhorar a vida dos nativos. Citando como exemplo o Posto Administrativo de Campo, Guebuza disse que antes da independência, em 1975, aquela região possuía apenas cinco escolas mas hoje a mesma tem mais de 40 escolas, incluindo secundárias.

Assim, o Presidente pediu a população para que alie a vontade própria e o conhecimento de forma a tirar vantagens na luta contra a pobreza. Por seu turno, a população daquele Posto Administrativo denunciou o facto de muitas infra-estruturas terem sido melhoradas, incluindo vias de acesso, apenas quanto tiveram conhecimento que o Presidente tinha agendado uma visita aquela região.

Na ocasião, a população pediu uma antena celular, sustentando que já houve casos de pessoas que caíram das arvores a procura de sinal de rede de telefonia móvel na tentativa de contactar a vila sede de Mopeia, para solicitarem uma ambulância, por exemplo, porque aquele Posto Administrativo carece de meios.

Um outro caso que teria agastado, de certa forma, o Presidente Guebuza é o facto de parte da população que participou no comício ter dito que passava fome, mesmo sendo detentora de terras ricas para a produção de arroz, gergelim, entre outras culturas alimentares e de rendimento.

Ainda sexta-feira, Guebuza orientou uma sessão extraordinária do Governo provincial da Zambézia. Sábado o Presidente escala o distrito de Mocuba, para depois visitar Ile, Gilé, e Namacurra. A visita a esta província termina próxima Terça-feira.

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