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“Passageiros em quarentena não são casos suspeitos de coronavírus” em Moçambique; Covid-19 “afecta principalmente pessoas de idade avançada”

“Passageiros em quarentena não são casos suspeitos de coronavírus” em Moçambique; Covid-19 “afecta principalmente pessoas de idade avançada”

Foto de Adérito CaldeiraExistiam nesta quinta-feira (12) em Moçambique 168 cidadãos em quarentenas domiciliárias por terem viajado a partir de um dos países considerados com alto risco de propagação da pandemia do Covid-19, porém a chefe do departamento de Epidemiologia no Ministério da Saúde esclareceu que “passageiros em quarentena não são casos suspeitos de coronavírus”, que não existem no nosso país. A verdade é que “este vírus afecta principalmente pessoas de idade avançada ou com outros problemas de saúde anteriores”, revelou o director Nacional para a área de inquérito e monitoria de Saúde.

A espalhar-se rapidamente pelo mundo o novo coronavírus parece ter atingido o pico na China, desde que a pandemia começou em Dezembro de 2019 foram infectados 80.981 doentes, num universo de 1,4 bilião de habitantes tendo perdido a vida 3.173 pessoas.

Em Hubei foram registadas apenas oito infecções novas na quarta-feira (11), a primeira vez desde o início do surto em que a província teve uma contagem diária de menos de 10 casos. Fora dela, a China continental só teve sete casos novos, todos vindos do exterior. “O pico da epidemia passou na China”, declarou o porta-voz da Comissão Nacional de Saúde, Mi Feng.

Contudo o director da Organização Mundial da Saúde, Tedros Adhanom Ghebreyesus, alertou em Genebra que “descrever isto como uma pandemia não significa que os países deverem desistir. A ideia de que os países deveriam passar da contenção à mitigação é errada e perigosa”.

Dos 310 óbitos registados pela OMS nesta quinta-feira (12) fora da China 196 ocorreram na Itália, 63 no Irão, 15 na França, 12 na Espanha, seis na Coreia do Sul, quatro nos Estados Unidos da América, três no Japão e dois no Líbano. Um morto foi registado na Alemanha, Suíça, Países Baixos, Grécia, Irlanda, Bulgária, Iraque e na Argélia.

No nosso continente a pandemia parece estar a propagar-se mais lentamente, somente 22 novos casos foram reportados pela Organização Mundial da Saúde, grande parte importados da Europa. Moçambique não tem nenhum doente infectado pelo novo coronavírus ou algum caso suspeito.

“Entre os doentes com 0 e 9 anos de idade a mortalidade é zero”

Foto de Adérito CaldeiraEm mais uma acção para não criar pânico entre os moçambicanos o director Nacional para a área de inquérito e monitoria de Saúde, Dr. Sérgio Chicumbe, explicou a representantes do sector dos transportes terrestres de passageiros urbanos e regionais que “entre oito a dez pessoas (infectadas pelo novo coronavírus) nem sequer correm risco de vida, pela experiência que temos da China, é uma doença gripal ligeira”.

“Os casos que chegam a ter risco de vida tem um outro problema de base de saúde, como doenças cardiovasculares, hipertensão ou diabetes”, explicou o Dr. Sérgio Chicumbe que revelou uma curiosidade “o vírus chama-se coronavírus porque ao microscópio assemelha-se a uma coroa”.

O director Nacional para a área de inquérito e monitoria de Saúde mostrou que uma das razões da grande contaminação registada inicialmente na China e agora na Europa deve-se a pirâmide etária “de maior idade”, o que pode ser uma boa notícia para o continente africano, e particularmente a Moçambique, onde cerca de metade da população é jovem.

“Entre os maiores de 60 anos a taxa de mortalidade é de 15 por cento, entre os 0 e 9 anos de idade a mortalidade é zero” revelou o Dr. Sérgio Chicumbe salientando contudo a necessidade de continuarem a ser observadas as medidas de prevenção, particularmente a lavagem das mãos.

“Neste momento a África do Sul não tem critérios para colocação em quarentena”

A chefe do departamento de Epidemiologia no Ministério da Saúde, Dra. Lorna Gujral, clarificou alguma desinformação que tem sido veiculada relativamente aos viajantes provenientes de países com risco de transmissão e que à chegada a Moçambique são aconselhados a ficarem em quarentena domiciliar. “Passageiros em quarentena (domiciliar) não são casos suspeitos de coronavírus”, frisou.

Sobre o pânico gerado com o aumento de doentes infectados na vizinha África do Sul a chefe do departamento de Epidemiologia no Ministério da Saúde explicou que “neste momento a África do Sul não tem critérios para colocação em quarentena, uma vez que não temos uma transmissão local forte”.

Contudo, “em relação as fronteiras vulneráveis é um aspecto que temos de trabalhar com a Migração e com o Ministério do Interior para vermos como melhorar a situação pois é uma preocupação não só para o coronavírus mas para todas as outras doenças”, disse a Dra. Lorna Gujral.

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