O Parque Nacional da Gorongosa (PNG), na província de Sofala, Centro de Moçambique, está a registar uma sólida recuperação da sua fauna bravia. A constatação resulta de um censo realizado em Novembro do ano passado por uma equipa de especialistas do mesmo parque.
Tratou-se da segunda vez que a contagem e estimativa de animais, utilizando meios aéreos, é efectuada desde que se iniciou o Projecto de Restauração da Gorongosa.
Uma fonte do Parque Nacional da Gorongosa indicou ontem ao nosso jornal que as contagens aéreas que permitem estimar o número total de grandes mamíferos e a distribuição da fauna bravia no recinto do parque efectuase de três em três anos.
“Esta informação é complementada com contagens efectuadas por via terrestre levadas a cabo por colaboradores do PNG e por estudantes das universidades locais ao longo dos 120 quilómetros de picadas do Parque Nacional da Gorongosa”.
Segundo a fonte, as contagens aéreas requereram 30 horas e cobriram as zonas principais do Parque e também, pela primeira vez, a Serra da Gorongosa, que recentemente foi incorporada no Parque.
“Os resultados mostram uma sólida recuperação do número das espécies de ungulados nas zonas principais do Parque” – salientou a fonte. Segundo deu a conhecer, a taxa de aumento anual tem sido de 13.3% (39.8% em 3 anos).
A fonte indicou ainda que o aumento dos números dos Bois-Cavalos e Búfalos reintroduzidos, que foram mantidos para adaptação e reprodução na área protegida do Santuário de Fauna Bravia do Parque, é muito encorajador.
“Uma preocupação dos gestores da conservação está ligada à falta de recuperação dos grandes felinos e de outros carnívoros” – revelou.
No entanto, sossegou referindo que existe alguma esperança em relação a uma auto-recuperação de zebras e elandes em função desta contagem aérea. Por outro lado, a fonte transmitiu que a distribuição da fauna bravia revelou um sério impacto da caça furtiva em algumas zonas do Parque.
Em relação a Serra da Gorongosa, como se referiu foi recentemente incorporada no parque, a fonte lamentou o facto de nesta área só terem sido identificados mamíferos domésticos.
“As contagens aéreas na Serra da Gorongosa foram usadas para efectuar um recenseamento das habitações e das clareiras florestais na área recentemente declarada como protegida” – explicou.
Por outro lado, a fonte destacou que particular atenção irá requerer a lenta recuperação dos hipopótamos no contexto de um Lago Urema muito assoreado bem como a reduzida área de movimentação dos elefantes devido à presença de comunidades humanas dentro do Parque.
O Parque Nacional da Gorongosa, entretanto, é um dos principais destinos turísticos na região. Está a beneficiar de um ambicioso projecto de recuperação, numa parceria que envolve a Fundação Carr dos Estados Unidos da América e o governo de Moçambique representado pelo Ministério do Turismo.