O primeiro-ministro Salam Fayyad disse, Terça-feira, que os palestinos podem ter “perdido a discussão” no palco internacional por um Estado independente, mas advertiu que a ocupação contínua israelita é insustentável.
Numa entrevista à Reuters, Fayyad salientou um ponto de discórdia com o presidente palestino, Mahmoud Abbas, ao pedir eleições, que vêm sendo adiadas há tempos por causa das profundas divisões políticas entre a Faixa de Gaza e a Cisjordânia ocupada.
Ele também advertiu que o futuro do seu governo está coberto de sombras em razão de fortes restrições financeiras e disse que os palestinos fracassaram em chamar a atenção mundial para a sua causa.
“Acho que estamos a perder a discussão, se é que já não a perdemos. Mas isso não torna errada a nossa posição”, disse o ex-economista do Banco Mundial, um político independente que tem forte apoio nas potências ocidentais.
O levante árabe, as eleições presidenciais norte-americanas e as crises financeiras na Europa combinados tiraram a questão palestina da agenda global há mais de 18 meses, depois das interrupções das conversas com Israel numa disputa sobre a construção dos assentamentos judaicos.
“Qual é o maior obstáculo que enfrentamos? O estado de marginalização. Isso não tem precedentes”, disse ele. “Os israelitas conseguiram trivializar de forma bem-sucedida o nosso lado do argumento”, acrescentou ele, referindo-se à exigência palestina para uma interrupção das obras de assentamento antes da retomada das negociações.
Israel defende que as conversações deveriam prosseguir sem pré-condições e continua a construir blocos de apartamentos na Cisjordânia, no território em que a Organização das Nações Unidas (ONU) considera ilegalmente ocupado.
Falando a partir do seu escritório em Ramallah, a 20 quilómetros de Jerusalém, com a bandeira nacional vermelha, preta, verde e branca atrás dele, Fayyad disse que os palestinos precisam de arrumar a própria casa antes de esperar pela independência tão almejada, que em princípio a maioria das potências mundiais continua a apoiar.
“Não acredito que conseguiremos obter um Estado a não ser que sejamos capazes de reunificar o nosso país”, disse ele sobre a divisão política que separou a Cisjordânia do enclave de Gaza, governado desde 2007 pelo grupo islâmico Hamas.