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Países pobres precisam de um Plano Marshall para as mudanças climáticas

Os países pobres precisam de um verdadeiro “Plano Marshall”, de cerca de 600 bilhões de dólares (419,47 bilhões de euros) por ano a partir de agora, para enfrentar rapidamente as mudanças climáticas, segundo um relatório da ONU divulgado esta terça-feira.

“Para orientar as despesas de investimento para a obtenção de um crescimento ideal, um apoio internacional maciço deverá se manifestar sob a forma de um programa de investimento mundial”, indica o Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais da ONU (DESA) em seu estudo. Os países pobres “precisam de um plano Marshall”, insistiu um dos autores do estudo, Richard Kozul-Wright, durante uma entrevista coletiva à imprensa.

Kozul-Wright considera que entre 500 e 600 bilhões de dólares por ano, ou seja, cerca de 1% do produto mundial bruto, seriam necessários para ajudar os países pobres a enfrentar os problemas relacionados ao clima. Para a ONU, a questão das mudanças climáticas não pode ser simplesmente resolvida por uma diminuição generalizada das emissões de gases do efeito estufa de todos os países em relação aos seus níveis atuais.

O valor das despesas públicas destinadas a atenuar os efeitos das mudanças climáticas chega a apenas 21 bilhões de dólares por ano, enquanto que centenas de bilhões de dólares são necessários, indica a ONU. Solucionar esse problema está no centro das discussões que antecedem a próxima Conferência de Copenhague, que será realizada em dezembro. Durante o encontro, os chefes de Estado e de governo deverão tentar chegar a um acordo que deve suceder o Protocolo de Kyoto a partir de 2013.

Esse acordo deve permitir conter o aumento das emissões de gases do efeito estufa que podem levar a um aquecimento global que pode chegar a 6,4°C até o fim do século, segundo as previsões do Grupo Intergovernamental de Especialistas sobre a Evolução do Clima (Giec). “Precisamos de um verdadeiro New Deal”, insistiu Kozul-Wright, ressaltando que os países em desenvolvendo são aqueles que sofrem mais os efeitos das mudanças climáticas.

As estimativas citadas no relatório indicam que por cada aumento de 1°C nas temperaturas mundiais médias, o crescimento anual nos países pobres poderá cair de 2 a 3 %, sem, entretanto, causar a menor mudança no crescimento dos países ricos. Para os países pobres, o desafio principal é “casar os objetivos de desenvolvimento com os objetivos ligados às mudanças climáticas”, explicou aos jornalistas o diretor da organização não governamental South Center, Martin Khor.

A ONU recomenda aos países ricos que favoreçam transferências de tecnologia para os países pobres. “Grandes investimentos seriam necessários imediatamente, sobretudo no setor público, para construir novas infraestruturas energéticas”, estipula o estudo. “As tecnologias necessárias existem, mas elas são caras”, insistiu Khor. Segundo a ONU, “o desrespeito por parte dos países ricos de seus compromissos de longo prazo para uma ajuda internacional para a redução da pobreza e para uma transferência significatica de recursos e de tecnologia constitui o principal obstáculo para a resolução do problema das mudanças climáticas”.

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