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Os mais destacados dos “Nacionais” de Verão

Os mais destacados dos “Nacionais” de Verão

“De pequenino se torce o pepino”, diz o adágio popular que, quando conjugado com os recentes resultados dos Campeonatos Nacionais de Natação de Verão, nos leva a afirmar, de forma categórica, que em Moçambique nasceu a nova geração “dourada” de nadadores. Entre quinta-feira (30) e domingo (02), o país teve a oportunidade de conhecer os novos talentos formados nas piscinas moçambicanas, aqueles de quem depende o futuro da natação em Moçambique.

Igor de Araújo Mogne é, sem dúvidas, a nossa grande esperança nesta modalidade desportiva. Qualquer cidadão atento, que presenciou os Campeonatos Nacionais de Natação de Verão que tiveram lugar na piscina Raimundo Franisse e que viu a prestação daquele nadador, facilmente chegou a essa conclusão. Igor foi simplesmente genial em todas as provas em que participou. Com apenas 17 anos, ainda na categoria de juniores, bateu seis recordes nacionais e ajudou o Clube de Natação Golfinhos de Maputo a revalidar o título de campeão nacional.

Mas quem é Igor?

É um nadador que, com apenas quatro anos de idade, se formou na antiga piscina de Maxaquene, hoje denominada Raimundo Franisse. Nasceu a 01 de Agosto de 1996 na cidade de Maputo. Aos oito anos, foi “namorado” pelo Desportivo de Maputo em que, pela primeira vez, se tornou federado. Infelizmente, como ele próprio afirma, o vínculo que o ligava ao clube da águia rompeu ao fim de três anos, alegadamente por não se sentir valorizado.

Nas conversas em privado revela que os alvinegros nunca levaram a natação a sério. Decidiu, por isso, seguir aos Golfinhos de Maputo, clube no qual milita até a actualidade. A sua maior fonte de inspiração é, sem dúvidas, o lendário da natação, o norte-americano Michael Phelps, considerado o melhor nadador de todos os tempos a nível mundial. “Igor Phelps” é a alcunha que lhe foi dada pelos seus companheiros de equipa. Dentro de portas, o prodígio da natação moçambicana almeja seguir os paços de Eduardo Gonçalves.

Uma carreira que se inicia dourada

Igor Mogne não é um nome qualquer. Sem dúvidas. Ficámos certos disso quando, com muito espanto, olhávamos para o semblante de “auto-derrota” dos seus rivais todas as vezes que ele subia ao palanque para se atirar à piscina. O seu objectivo, em cada prova, foram sempre melhorar as suas marcas e sentir-se feliz. As medalhas vêm naturalmente, ainda que tenha conquistado mais de 500 ao longo da carreira. Apesar de estar só a começar na natação, Igor passou por dificuldades quando foi obrigado a abandonar o Desportivo de Maputo por motivos alheios à sua vontade. Na altura desconhecia o seu futuro e chegou a pensar que seria o fim do sonho de se tornar um nadador profissional.

O sonho de Igor: os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro

Como qualquer nadador no auge da carreira, Igor Mogne quer também estar presente nos Jogos Olímpicos de Rio de Janeiro, no Brasil, em 2016. Porém, não deseja, como ele próprio afirma, ir “à boleia” do Comité Olímpico Internacional, ou seja, por convite. Quer ir por mérito próprio. Igor Mogne quer competir e qualificar-se dentro das piscinas para o maior evento desportivo do mundo, apesar de reconhecer que não será tarefa fácil pelo nível de preparação dos seus futuros adversários.

Para o atleta de apenas 17 anos, a natação em Moçambique está num bom caminho sobretudo no que diz respeito à formação. Para ele é notório, a cada ano, o surgimento de novos nadadores e com muita qualidade. Contudo, entende que os moçambicanos precisam de mais provas internacionais.

Uma imagem de Igor Mogne fora da piscina

É estudante de 12ª classe numa instituição privada de ensino, apaixonado pela disciplina de Desenho e deseja formar-se em arquitectura. É muito caseiro e gosta de estar com a família, em que conta com o apoio incondicional da sua mãe, alguém que tem acompanhado de perto a evolução da sua carreira.

Gisela Cossa: uma talentosa nadadora a ter em conta!

Gisela Cossa, nadadora dos Golfinhos de Maputo, nascida a 15 Gisela Cossa, nadadora dos Golfinhos de Maputo, nascida a 15 de Junho de 1999 na cidade de Maputo, conquistou, nos “Nacionais” de Verão, um total de 15 medalhas de ouro tendo, também, fixado em 28 segundos e 11 centésimos o novo recorde nacional dos 50 metros livres.

A sua carreira iniciou aos cinco anos no extinto Núcleo de Natação do Maxaquene, onde permaneceu até 2007, ano em que decidiu ingressar no Clube de Natação Golfinhos de Maputo. Inspira-se em duas nadadoras profissionais, nomeadamente a moçambicana Jéssica Cossa e a norte-americana Missy Franklin. O seu maior sonho é conquistar uma medalha de ouro num Campeonato Mundial de Natação, como também participar nos Jogos Olímpicos de Rio de Janeiro em 2016.

Gisela Cossa, de 14 anos e estudante da 10ª classe, entende que a sua carreira está apenas a começar, pelo que não vê motivos para se sentir eufórica com o recorde que conseguiu fixar durante os “Nacionais” de Verão, que tiveram lugar na cidade de Maputo. A nadadora dos Golfinhos de Maputo lembra-se com nostalgia do Campeonato Regional de Natação que decorreu na cidade de Maputo, em 2012, em que conquistou quatro medalhas, três das quais a nível individual (duas de ouro e uma de prata) e a outra em equipa.

“A natação na Beira está moribunda”

De fora da capital do país, nestes Campeonatos Nacionais de Natação de Verão, estiveram presentes nadadores da cidade da Beira em representação do Ferroviário local. Pedro Moreira e Melina Hire, quando abordados pelo @Verdade, preferiram simplesmente falar do actual estágio desta modalidade naquele ponto do país, apesar de se terem destacado nestas provas.

Pedro Moreira, que conquistou apenas uma medalha de bronze na prova dos seniores, atrás de Valdo Lourenço e Elton Mangore, não teve receio em afirmar que esta modalidade, apesar de ser universal, tem tido um tratamento diferenciado na cidade da Beira comparativamente à cidade de Maputo. Aquele nadador contou um cenário dramático que se vive no Chiveve, tendo chegado a afirmar que na província de Sofala não há piscinas para a prática desta modalidade e que “estamos há sensivelmente quatro meses sem treinar”.

Pedro Moreira vai ainda mais longe ao apontar os dirigentes desportivos de Sofala, no seu todo, como sendo os maiores culpados do actual estágio da natação naquele ponto do país, em virtude de se concentrarem somente no futebol. Melina Hire, por sua vez, não se dissocia do seu companheiro de equipa e afirma que a natação, na Beira, está com os dias contados, ou seja, “caminha a passos largos para o seu fim”.

Segundo a nossa entrevistada, a única piscina que até um dado momento se encontrava funcional, mas que, actualmente, se encontra num estado avançado de degradação, é a do Ferroviário da Beira. “Sem piscina não é possível treinar. Na Beira a natação está condenada ao fracasso. Rezo para que um dia os nossos dirigentes acordem e olhem por nós. Não estamos nesta modalidade por dinheiro, mas por amor e profissionalismo”, desabafou Melina.

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