A oposição venezuelana exigiu, esta Quarta-feira (2), que o governo informe “toda a verdade” sobre o estado de saúde do presidente Hugo Chávez, que convalesce em Cuba há três semanas depois de uma delicada operação por causa de um cancro que ameaça afastá-lo da presidência.
Depois da sua quarta intervenção cirúrgica desde que foi diagnosticado com cancro há um ano e meio, o governo informou, sem dar muitos detalhes, que Chávez sofreu uma hemorragia que foi controlada, uma infecção respiratória e uma nova complicação, produto da mesma infecção.
Ainda se desconhece o cancro que aflige o líder socialista, a fase da doença, os órgãos afectados e o tipo de intervenção que foi realizada na ilha, e Chávez não foi visto nem ouvido em público desde a cirurgia a 11 de Dezembro.
“A versão oficial (sobre a saúde de Chávez), essa que oculta mais informações do que fornece e que vai, em partes, reconhecendo a complexidade do estado de saúde do presidente, é insustentável”, disse Ramón Guillermo Aveledo, secretário-executivo da coligação opositora MUD.
“O próprio vice-presidente comprometeu-se em dizer a verdade, fosse qual fosse. Bem, que o diga. Que diga toda a verdade”, acrescentou o advogado de 62 anos numa colectiva de imprensa.
O mandatário de 58 anos anunciou no começo de Dezembro que um cancro na zona pélvica voltou a surgir e, dias depois, voltou à sala de operações em Cuba para uma delicada intervenção que durou seis horas.
Antes de partir para Havana, Chávez nomeou o vice-presidente Nicolás Maduro seu potencial sucessor, pondo em dúvida a sua posse para o novo mandato até 2019, que obteve nas urnas a 7 de Outubro.
Maduro garantiu numa entrevista para a rede Telesur que viu Chávez forte e que voltaria, Quarta-feira, a Caracas, o que apaziguou momentaneamente os ânimos de quem garantia que a sua visita à capital cubana era para estar ao lado do mandatário nos seus últimos dias.
As especulações sobre a doença de Chávez converteram-se numa obsessão para os venezuelanos. O presidente da Bolívia, Evo Morales, que viajou, semana passada, para Havana para visitá-lo, disse, Quarta-feira, numa colectiva de imprensa na cidade de Cochabamba que “lhe dói muito a situação”.
“A situação do presidente irmão Chávez é muito preocupante, espero que possamos vê-lo em breve a acompanhar-nos, mas é uma situação muito preocupante. Espero que as nossas orações, os nossos ritos, possam ser eficazes para salvar a vida do presidente irmão Chávez”, disse.
