Os partidos Renamo e MDM perderam nesta quinta-feira (07) uma oportunidade histórica de impor ao partido Frelimo algum controlo e equilíbrio democrático no mais populoso município de Moçambique. Um voto, ao que tudo indica de um membro do Movimento Democrático de Moçambique, garantiu a Calisto Cossa o controlo da presidência, vice-presidência e do secretariado da Assembleia Municipal que é o principal órgão deliberativo na Matola e com competência, dentre várias, de demitir o presidente do Conselho Municipal. “É o Renato que nos traiu”, afirmou ao @Verdade António Muchanga porém o visado reagiu: “a própria Renamo tem de fazer um trabalho de casa e compreender o que terá falhado dentro da sua bancada”.
O salão de eventos do Ministério da Economia e Finanças foi pequeno para albergar as centenas de membros e simpatizantes dos partidos Frelimo, Renamo e MDM que quiseram testemunhar a investidura de uma Assembleia Municipal (AM) que poderia ser controlada, pela primeira vez, pela oposição ao partido cujo cabeça de lista foi eleito presidente do Conselho Autárquico.
Os 29 membros eleitos pelo partido Frelimo perderiam a eleição da Mesa da Assembleia Municipal se os 2 membros do Movimento Democrático de Moçambique votassem em bloco no mesmo sentido de voto dos 28 membros do partido Renamo.
O partido no poder propôs Vasco Muthisse para presidente, Beatriz Nhaulau para vice e Maria Jotamo para o secretariado. O partido da “perdiz” candidatou Alberto Vaisson para liderar a AM, co-adjuvado por Neli Matenja e Jacinto Banze como secretário.
Depois de uma votação que decorreu sem sobressaltos começaram a ser contados os votos, surpreendentemente os candidatos do partido Frelimo obtiveram 30 votos contra 29 dos candidatos do partido Renamo. A bancada da “perdiz” ainda pediu uma recontagem dos votos da eleição do presidente mas não ficaram dúvidas, alguém dos membros da oposição votou à favor do partido no poder.
Partido do “galo” juntou-se à “maçaroca”, tal como no município de Quelimane
“É o Renato que nos traiu” acusou o cabeça de lista do partido Renamo que explicou que “houve concertação ao mais alto nível dos partidos mas eles não cumpriram”. António Muchanga enfatizou: “estou seguro que todos os membros da Renamo votaram em nós, um membro do MDM votou na Frelimo e outro votou na Renamo”.
No entanto o líder do Movimento Democrático de Moçambique na Matola garantiu que: “O nosso apoio a Renamo foi um apoio resultante de uma orientação ao mais alto nível do partido, nós os dois membros do MDM a nossa direcção do voto foi para a Renamo e até prova em contrário a própria Renamo deve ter tido um problema da sua bancada porque eu e o meu colega criamos as condições de provar que nós votamos na Renamo, nós cumprimos com aquilo que foi orientação central do nosso partido”.
“Havendo algum problema a própria Renamo tem de fazer um trabalho de casa e compreender o que terá falhado dentro da sua bancada, quem terá feito o voto diferente”, disse ainda Renato Muelega.
Contudo o @Verdade entende que no lugar do cenário de traição de um dos membros do MDM, quiçá a troco de benefícios pessoais, na Matola o partido do “galo” juntou-se à “maçaroca”, tal como no município de Quelimane onde quiseram derrubar, sem sucesso, Manuel de Araújo. Até porque em caso de uma eventual traição a nova legislação autárquica facilita aos partidos políticos mudarem os seus representantes na Assembleia Municipal.
Calisto Cossa apela a Renamo e ao MDM a atenderem “aos superiores interesses da Matola”
Respirando de alívio Calisto Moisés Cossa, após ser investido para o seu 2º mandato pelo seu presidente da Assembleia Municipal, Vasco Muthisse, começou por assinalar o tamanho do desafio que tem até 2024: “quando assumimos a governação da Matola em 2014, a população da nossa cidade era de 875.422 habitantes. Durante os últimos 5 anos, ocorreu um desenvolvimento demográfico raro, tendo esta cidade, de acordo com o Censo populacional de 2017, se tornado o município mais populoso do país, com cerca de 1. 616.000” de citadinos.
Sendo evidente que o município mudou para melhor, durante os últimos 5 anos, muito ficou por fazer e o agora presidente do Conselho Autárquico sabe que enfrentará maior oposição para implementar as suas promessas e por isso deseja poder contar com os partidos Renamo e MDM “que, sendo de pessoas interessadas em ver construída uma Matola cada vez melhor, certamente colocarão de lado as cores partidárias e atenderão aos superiores interesses da Matola como cidade à qual juraram servir.”
Cossa apelou ainda “no sentido das lideranças destes partidos, modernizarem as suas estratégias politicas e permitirem que suas orientações não impactem negativamente no desenvolvimento municipal, e que as acções do executivo tenham o melhor acolhimento e apadrinhamento possível por parte dos munícipes, razão principal da nossa existência como órgãos autárquicos.”