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Oposição da Libéria pedirá anulação do segundo turno de eleição

O principal candidato de oposição da Libéria disse que poderia pedir a anulação da eleição presidencial, boicotada por seus partidários, aumentando a perspectiva de um confronto em um país que ainda se recupera de uma guerra civil. Muitos liberianos ficaram em casa durante a votação de terça-feira, uns por medo de uma repetição da violência relacionada com as eleições do início desta semana ou obedecendo a uma convocação de boicote feita por Winston Tubman, principal rival da presidente Ellen Johnson-Sirleaf.

Tubman alegou que houve fraude no primeiro turno da eleição no mês passado, no qual a recém agraciada pelo Prêmio Nobel da Paz obteve uma vantagem de 11 pontos. “Nós não vamos aceitar o resultado. Dissemos a eles que não íamos votar e eles foram adiante e colocaram nossas fotos nas cédulas. Não só as pessoas do CDC (o partido de Tubman, de oposição) boicotaram, mas muitos liberianos ouviram-nos”, disse esta quarta-feira Tubman, que foi um importante assessor do ex-secretário-geral da ONU Kofi Annan.

Tubman declarou à Reuters que iria considerar uma forma legal de anular os resultados do segundo turno. “Eu acho que é uma possibilidade, e poderia ser a forma mais abrangente de abordar este conflito”, afirmou. “Eu nunca vou pedir uma guerra contra o governo. Nós passamos por uma guerra que matou 300.000 pessoas. Nós não queremos ir por esse caminho novamente.”

O Comitê Nacional de Eleições disse que iria começar a divulgar os resultados do segundo turno na noite de quinta-feira. Trata-se da primeira eleição presidencial organizada localmente na Libéria desde 2003, quando se encerraram 14 anos de confrontos que mataram quase 250 mil pessoas.

A Organização das Nações Unidas promoveu uma votação em 2005 que também terminou em controvérsia. A Libéria quer usar a sua riqueza em ferro e outros recursos para se reconstruir. Críticos de Ellen, a primeira mulher livremente eleita chefe de Estado na África, afirmam que o progresso no seu primeiro mandato foi muito lento.

Uma organização que monitora a eleição, o Instituto Democrático da Libéria, disse na terça-feira que o comparecimento para votar pode ter sido de 25 a 35 por cento dos eleitores, menos da metade dos 71 por cento registrados no primeiro turno, quando os liberianos fizeram fila nas seções eleitorais. Uma presença tão baixa pode minar a autoridade da presidente num segundo mandato e até fazer com que ela abra o diálogo com Tubman, avaliaram analistas.

Garotos vendiam nas ruas jornais com manchetes como “Vitória?” e “Eleitores desafiam ameaças com calma e coragem”. Muitos diários trouxeram fotos na primeira página de vítimas dos confrontos de segunda-feira entre policiais e manifestantes da oposição, nos quais ao menos dois morreram.

Ellen obteve quase 44 por cento dos votos no primeiro turno, em 11 de outubro, enquanto Tubman teve 33 por cento, mas saiu da disputa do segundo turno na semana passada e convocou o boicote. Tubman havia dito que ele só estaria disposto a participar do segundo turno se fosse adiado em duas ou quarto semanas e se os procedimentos de contagem fossem mudados. Observadores eleitorais internacionais consideraram a votação de 11 de outubro em sua maior parte livre e justa.

Os Estados Unidos, as Nações Unidas, o bloco regional CEDEAO (Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental) e a União Africana criticaram a decisão de Tubman de boicotar o segundo turno.

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