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ONU tem acordo sobre Síria; a violência chega ao Líbano

O Conselho de Segurança da ONU, incluindo Rússia e China, saiu, Quarta-feira, em defesa dos esforços do enviado internacional Kofi Annan para acabar com a violência na Síria, num raro momento de unidade da comunidade global diante duma crise que já dura um ano.

A declaração aprovada unanimemente pelos 15 países do Conselho ameaça a Síria com “novas medidas” não especificadas caso o governo de Bashar al Assad não aceite o plano de paz de Annan, que prevê o estabelecimento dum cessar-fogo e o acesso humanitário aos civis nas áreas conflagradas.

O texto foi atenuado a pedido da Rússia, eliminando ultimatos específicos, mas o facto de a declaração ter tido a adesão de todas as potências mundiais representa um duro golpe para Assad.

A ONU estima que 8.000 pessoas, a maioria civis, já tenham morrido em um ano de repressão governamental aos protestos por democracia na Síria, onde nos últimos meses existe também uma insurgência armada.

O governo sírio alega ser vítima de “grupos terroristas” patrocinados pelo exterior, e diz que 2.000 soldados e policiais já foram mortos.

O conflito ultrapassou as fronteiras sírias, na noite da Quarta-feira, quando vários foguetes atingiram a aldeia libanesa de Al Qaa e campos próximos, ferindo uma pessoa, segundo os moradores.

Al Qaa, a 10 quilómetros da fronteira com a Síria, é a primeira parada de muitos dos 7.000 refugiados sírios que chegaram ao Líbano nos últimos meses.

Os refugiados queixam-se de serem perseguidos pelas forças sírias, que estariam a efectuar disparos na direcção do território libanês.

Os moradores de Al Qaa disseram, no entanto, que essa foi a primeira vez que a aldeia foi atingida por artilharia pesada.

Intensificando a pressão sobre Assad, os governos da União Europeia devem formalizar, Sexta-feira, sanções contra a primeira-dama Asma al Assad, disseram os diplomatas do bloco.

Dessa maneira, ela não poderá mais viajar aos 27 países da UE, nem fazer compras em seu nome nas lojas com sede no bloco.

A primeira-dama, ex-executiva bancária de origem britânica, está sob o foco da imprensa desde que o jornal londrino Guardian divulgou emails mostrando que ela havia gasto dezenas de milhares de dólares nas compras pela internet quando a Síria já estava mergulhada na actual onda de violência.

Mais 32 mortes

O Observatório Sírio de Direitos Humanos, grupo de oposição com sede no Reino Unido, disse que mais 32 civis foram mortos, Quarta-feira, na Síria, principalmente em bombardeios do governo contra cidades na província central de Homs.

Os activistas disseram que o Exército atirou morteiros no bairro de Khalidiya, na cidade de Homs, e que a sua artilharia alvejou também a localidade rebelde de Rastan, ao norte de Homs.

Um vídeo também mostrou um bombardeio contra o antigo castelo de Apamea, em Qalat Mudiq, perto da cidade de Hama.

Também, Quarta-feira, houve relatos de que o Exército teria usado tanques, artilharia e baterias antiaéreas contra Harasta e Irbin, subúrbios de Damasco que foram retomados dos rebeldes há dois meses, mas que agora voltaram a registar actividade insurgente.

A agência estatal de notícias Sana noticiou também os funerais de sete membros das forças de segurança mortos nos confrontos.

É impossível verificar de maneira independente os relatos vindos da Síria, por causa das restrições impostas pelo governo ao trabalho da imprensa e dos grupos de direitos humanos.

A Rússia e a China, que disputam com as potências ocidentais para influenciar o Oriente Médio, anteriormente, haviam vetado duas propostas de resolução do Conselho de Segurança que condenariam Damasco por resistir aos apelos ocidentais e árabes pela renúncia de Assad.

Mas, diante da indignação internacional com o derramamento de sangue, os dois países concordaram com uma chamada “resolução presidencial”.

Esse tipo de documento, que geralmente não tem força de lei, precisa de ser aprovado por unanimidade no Conselho.

No caso das resoluções, basta haver maioria qualificada, desde que nenhum dos membros permanentes vete.

A Rússia, um dos últimos aliados de Assad, elogiou o pragmatismo do documento. “O mais importante é que não há ultimatos (…) e não há sugestões sobre quem tem mais culpa”, disse o chanceler, Sergei Lavrov, em Berlim.

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